07 Junho 2018
"O cuidado da criação, visto como um dom compartilhado e não como posse privada, implica sempre o reconhecimento e o respeito pelos direitos de cada pessoa e de cada povo". O Papa Francisco escreveu isso em sua mensagem ao Patriarca Bartolomeu por ocasião do simpósio ambiental internacional “Rumo uma Ática mais verde: preservar o planeta e proteger seus habitantes".
A informação é publicada por L'Osservatore Romano, 6/7-06-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Na reunião, que está em andamento em Atenas e nas Ilhas Saronicas, de 5 a 8 de junho, participou o próprio Patriarca. Por seu lado, o Papa, em um texto em inglês datado de 28 de maio, depois de expressar "profundo apreço por essa nobre iniciativa, que segue uma série de simpósios semelhantes em diferentes partes do mundo", estendeu suas saudações também a Jerônimo II, Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, e afirmou guardar uma "recordação viva" da visita realizada junto com os dois a Lesbos, em 16 de abril de 2016, “para expressar a preocupação comum com a situação dos migrantes e refugiados". E a esse respeito confidenciou que, enquanto estava "encantado com a paisagem de céu azul e mar", ele também acabou "pensando em como um mar tão belo, tinha se tornado o túmulo de homens, mulheres e crianças, que em sua maioria só tinham tentado fugir de condições desumanas em suas terras de origem".
Ao mesmo tempo, Francisco acrescentou que ele teve oportunidade de “constatar pessoalmente a generosidade do povo grego, tão rico e cheio de valores humanos e cristãos, e seus esforços, apesar dos efeitos da crise econômica, para dar conforto para aqueles que, privados de todos os bens materiais, tinham chegado às suas costas". Daí a convicção de que as "contradições dramáticas" vividas durante aquela visita possam ajudar a entender a importância do tema do simpósio. "Não são apenas as casas das pessoas vulneráveis no mundo que acabam caindo, como pode ser visto no crescente êxodo de migrantes climáticos e refugiados ambientais em todo o mundo", esclareceu o Papa, recordando uma passagem incisiva encíclica Laudato si', na qual se manifesta a preocupação de que "provavelmente estamos condenando as futuras gerações a uma casa comum deixada em ruínas". Para isso, ele exortou: "hoje, devemos nos perguntar com honestidade," que tipo de mundo, "queremos transmitir" para aqueles que "virão depois de nós", fazendo "um sério exame de consciência sobre a proteção do planeta confiado aos nossos cuidados."
Além disso, de acordo com Francisco, "a crise ecológica que agora afeta toda a humanidade está arraigada no coração humano, que aspira controlar e explorar os recursos limitados do nosso planeta, ignorando os membros vulneráveis da família humana". Em vez disso, esta é a sua denúncia, "não podemos ignorar o mal difundido e generalizado na situação atual". A ponto de, ele ressaltou, "em nossa mensagem conjunta para o Dia Mundial de Oração pela Criação do último 1º de setembro, termos afirmado que "o chamado e desafio urgente de cuidar da criação são um convite para toda a humanidade trabalhar por um desenvolvimento sustentável e integral ".
E se "o dever de cuidar da criação desafia todas as pessoas de boa vontade", destacou Francisco, acima de tudo "pede aos cristãos de reconhecer as raízes espirituais da crise ecológica e cooperar dando uma resposta unívoca." O Dia Mundial de Oração pela Criação constitui, portanto, "um passo nessa direção, pois demonstra a nossa preocupação comum e desejo de trabalhar juntos para enfrentar essa delicada questão."
Por fim, Francisco reiterou a "firme intenção de que a Igreja Católica prossiga junto com o Patriarcado Ecumênico ao longo desse caminho". Com a "esperança - concluiu – de que católicos e ortodoxos trabalhem ativamente pelo cuidado da criação e por um desenvolvimento sustentável e integral".
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Preservar o planeta e proteger os povos. Mensagem papal ao patriarca de Constantinopla - Instituto Humanitas Unisinos - IHU