25 Mai 2018
Na segunda-feira passada, na Assembleia da Conferência Episcopal Italiana - CEI, o Papa comunicou aos bispos italianos algumas preocupações. A crise das vocações, a necessidade de fundir dioceses pequenas e o uso transparente da alíquota de 8 por mil (repassada pelos impostos, ndt) por parte dos bispos. Em seguida, as portas foram fechadas, as câmeras foram tiradas do recinto junto com os jornalistas, e teve início uma discussão franca entre o Papa e o episcopado italiano.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 24-05-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Foi então que Francisco deixou clara a sua quarta preocupação. "O problema da homossexualidade." Em sua opinião, a presença de um discreto número de padres e seminaristas homossexuais é um fator de desestabilização que deverá ser enfrentado com firmeza nas dioceses e resolvido através de um caminho específico, um pouco como foi feito para o flagelo da pedofilia. "Nós enfrentamos a pedofilia e em breve vamos ter que lidar também com este outro problema", resumiu, pedindo para "prestar atenção" nos seminários e nos aspirantes seminaristas.
No passado Bergoglio havia tocado o delicado tema - como enfrentar a condição da homossexualidade na Igreja – proferindo a famosa frase, "quem sou eu para julgar um homossexual?".
A pergunta que havia lhe sido feita, há dois anos, durante um voo dizia respeito à existência ou não de um lobby homossexual no Vaticano, com referência a um caso específico. Francisco respondeu com muita simplicidade: “Se uma pessoa é homossexual e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?
O Catecismo da Igreja Católica especifica que essas pessoas não devem ser discriminadas, mas acolhidas. O problema não é ter essas tendências, são irmãos, o problema seria, no máximo, fazer lobby”.
Alguns meses mais tarde, em 2016, durante um encontro com os religiosos latino-americanos, a portas fechadas, ele admitiu efetivamente a existência do famoso lobby homossexual. "Na Cúria há pessoas santas, mas existe também uma corrente de corrupção. Fala-se de um lobby homossexual, e sim, existe." Questionado pela France Press, o então diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou laconicamente: "Foi um encontro privado, não tenho comentários a fazer."
Quem tenta explicar como lidar com a condição dos homossexuais no clero, a partir de seu ingresso no seminário, é o Padre James Martin, um jesuíta estadunidense, envolvido nestes dias com a apresentação na Itália de um livro sobre a homossexualidade. Em sua opinião, é possível, de um ponto de vista doutrinal e teológico, ser homossexual e bom padre. "Eu conheço dezenas de excelentes religiosos homossexuais que vivem uma vida de castidade. Alguns foram meus guias espirituais ou meus superiores. Mas quero ser claro para não ser mal interpretado: quero dizer que são homossexuais, mas não sexualmente ativos".
O debate é destinado a prosseguir. De acordo com outros teólogos essa posição não leva em conta os documentos ainda em vigor que foram emitidos pelos dicastérios do Vaticano sob pontificados anteriores. Por exemplo, a “Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional a respeito das pessoas com tendências homossexuais em vista de sua admissão ao Seminário", um texto de 2005 que contém uma referência explícita ao Catecismo.
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O alerta do Papa aos bispos italianos: “Muitos homossexuais nos seminários, prestem atenção!” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU