29 Junho 2016
Os católicos começaram a acolher a recomendação do Papa Francisco de que a Igreja se desculpe com as pessoas LGBT, com as mulheres e com outros a quem ela feriu. O papa fez os seus comentários durante uma coletiva de imprensa no voo de volta da sua visita apostólica à Armênia no fim de semana.
A nota é de Bob Shine, coordenador de mídias sociais do New Ways Ministry, grupo de defesa e justiça voltado à comunidade católica LGBT. O texto foi publicado no blog Bondings 2.0, um dos projetos do New Ways Ministry, 28-06-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O padre jesuíta James Martin, renomado autor e comentarista, chamou a fala do papa de "comovente, até mesmo histórica". No Facebook, ele declarou:
"O Papa Francisco está certo, é claro. A Igreja deveria buscar continuamente o perdão daqueles que ofendeu ou ofende – incluindo a comunidade LGBT. Buscar o perdão é uma parte essencial da vida cristã. De fato, durante o Ano Jubilar, São João Paulo II pediu perdão em nome da Igreja, dentre outros grupos, a judeus, mulheres, povos indígenas, imigrantes, pobres e nascituros."
"Mas esta – continuou – certamente é uma declaração comovente, até mesmo histórica. E se você não consegue imaginar o quanto a Igreja tem marginalizado a comunidade LGBT, então você provavelmente não tem ouvido muito a comunidade LGBT. Pergunte a eles."
Terence Weldon, do Queering the Church, disse ter esperado por esse pedido de desculpas, mas não tão cedo. E acrescentou:
"Simplesmente porque houve até agora uma série de pedidos de desculpas papais a uma ampla gama de grupos previamente atacados ou perseguidos pelas autoridades católicas. As pessoas LGBT estavam no fim da fila, mas a sua vez tinha que chegar."
"Agora, no entanto, não é o momento de criticar. Primeiro, vamos oferecer um profundo agradecimento pelo fato de que o Papa Francisco chegou aonde nenhum dos seus antecessores pôde. Ele questionou a comunidade católica inteira: 'Quem somos NÓS para julgar?'."
Ryan Hoffman, codiretor executivo da Call To Action, uma organização nacional de justiça católica, disse em um comunicado que as lideranças da Igreja devem pedir desculpas e, em seguida, agir.
É preciso "reformar os ensinamentos e as práticas que se referem às pessoas gays como 'objetivamente desordenadas e intrinsecamente más', e que continuam excluindo e negando às mulheres a igualdade de participação e de liderança na Igreja. Chegou a hora de que as sábias palavras de Francisco se traduzam em ações justas. Estamos prontos para ajudar a Igreja a se mover rumo à mudança institucional que o amor radical de Francisco muitas vezes nos pede".
Marianne Duddy-Burke, diretora-executiva do DignityUSA, chamou os comentários do papa de "um passo muito importante" rumo à reconciliação. Em um comunicado, ela concordou que, agora, é preciso ação:
"A fim de trazer a cura completa para a relação entre a Igreja Católica e as pessoas LGBT, a Igreja deve não apenas reconhecer os erros do passado, mas também fazer ações concretas que demonstrem o seu compromisso para tratar as pessoas LGBT de forma justa a partir de agora. Por exemplo, as instituições católicas devem parar de demitir pessoas LGBT simplesmente porque a sua orientação sexual ou o seu estado civil se tornem conhecidos. A Igreja deve parar de realizar campanhas públicas que visem ao direito de discriminar injustamente as pessoas LGBT na arena civil sobre a base capciosa da 'liberdade religiosa'. Ela deve cessar as campanhas contra o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e contra a proteção dos direitos civis LGBT em todo o mundo. E deve se pronunciar forte e claramente contra a horrível violência e discriminação que, muitas vezes, é dirigida contra as pessoas LGBT em países do mundo inteiro, incluindo o nosso próprio, muitos deles com populações católicas substanciais ou majoritárias."
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Igreja e pessoas LGBT: chegou a hora de agir - Instituto Humanitas Unisinos - IHU