21 Março 2018
Juan Barros enfrentou nesta terça-feira um momento crucial. Um mês depois da visita do arcebispo de Malta, dom Charles Scicluna, ao Chile espera-se que hoje vá entregar ao Papa Francisco seu relatório sobre o pedido especial pelo qual viajou ao país: a situação do bispo de Osorno.
A reportagem é de Carla Pía Ruiz, publicada por La Tercera, 20-03-2018. A tradução é de André Langer.
O documento é chave. A partir dele, Francisco poderá tomar medidas em relação a Barros, como abrir formalmente uma investigação eclesiástica contra ele. Também não se descarta que, a partir do relatório, o bispo apresente sua renúncia e o Papa, desta vez, a aceite, diferentemente do que o próprio Papa reconheceu que fez em duas ocasiões anteriores, quando não aceitou a renúncia.
Nenhum detalhe foi vazado sobre o conteúdo. Fiel à sua fama, Scicluna tratou do assunto com cuidadosa reserva. Mas nos círculos da Igreja Católica chilena afirma-se que o relatório contém vários volumes, nos quais o arcebispo detalha as acusações contra Juan Barros como suposta testemunha dos abusos perpetrados por Fernando Karadima, além de uma descrição do ambiente que se vive em Osorno após a nomeação do bispo para a referida diocese.
A data coincide, além disso, com outro fato: Scicluna está em Roma porque na segunda-feira dom Alfred Xuereb – do clero da diocese de gozo, pertencente à Arquidiocese de Malta – foi nomeado pelo Papa Francisco núncio apostólico na Coreia e Mongólia. Assim, o outro objetivo da viagem de Scicluna seria a entrega do relatório sobre Barros.
Scicluna chegou ao Chile no dia 19 de fevereiro, após ter sido nomeado em 30 de janeiro pelo Papa Francisco como enviado especial para reunir informações sobre as acusações contra Juan Barros e fazer uma escala em Nova York para se encontrar pessoalmente com um dos seus acusadores, Juan Carlos Cruz.
O arcebispo esteve acompanhado pelo padre espanhol e notário eclesiástico, Jordi Bertomeu, que acabou ocupando um papel relevante, pois se encarregou de entrevistar as vítimas de abusos depois que Scicluna teve se submeter a uma cirurgia de urgência no Chile para a retirada da vesícula.
Sua presença foi prorrogada até o dia 28 de fevereiro e, embora o objetivo fosse investigar a situação do bispo de Osorno, em várias reuniões houve outras questões que vieram à tona.
Por exemplo, os denunciantes também citaram em seus discursos os cardeais Ricardo Ezzati e Francisco Javier Errazuriz pela falta de empatia que, segundo eles, a Igreja chilena teve para com vítimas de abusos cometidos por sacerdotes.
Após a visita do arcebispo de Malta, tanto Ezzati como Errazuriz foram para Roma: o primeiro, para participar da sessão anual da Pontifícia Comissão para a América Latina, e o segundo, para uma reunião do C9, que são os nove cardeais nomeados pelo Papa para auxiliar na reforma da cúria.
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A hora crucial de Barros: Papa teria recebido relatório de Scicluna sobre o bispo de Osorno - Instituto Humanitas Unisinos - IHU