29 Setembro 2017
Como em um crescendo rossiniano, a pressão da Igreja do Papa Bergoglio para apoiar o ius soli incide progressivamente, somando freneticamente intervenções e apelos para o objetivo final: não perder uma grande batalha pela civilidade, fazer todo o possível para que a lei seja aprovada. Na Praça de São Pedro, na terça-feira pela manhã, enquanto os voluntários católicos iniciavam a coleta de assinaturas para o cancelamento da lei Bossi-Fini para a abolição do crime de imigração ilegal, o Papa Bergoglio abria os braços:
"Somos todos migrantes, devemos abrir as portas do coração". Algumas horas mais tarde, em um palácio do Vaticano, o cardeal filipino Tagle, explicava à audiência que ele próprio é neto de um chinês migrado para Manila na década de 1930. Como presidente da Caritas Internationalis, estava dando início à campanha mais articulada que já foi estruturada pelo Vaticano no planeta para enfrentar o problema do acolhimento e da integração. "É preciso superar os medos e começar a caminhar juntos". Isso é música para os ouvidos do Palazzo Chigi (governo italiano), onde está um primeiro ministro muito atento para as relações com a outra margem do Tibre e extremamente respeitado por lá.
A reportagem é de Mario Ajello e Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 28-09-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
A fluidez da relação entre Gentiloni e a hierarquia do Vaticano pode ser medida inclusive no caso das novas normas de imigração promulgadas por Minniti e abençoadas pela Igreja de Bergoglio.
Assim, a intensa pressão é muito apreciada pelo governo, especialmente porque poderia suavizar as posições da Ap (coalizão de centro-direita) criticadas em Avvenire ontem pela manhã. Mas como apontam no Palazzo Chigi "antes precisa ser votado o orçamento, e o tempo para amadurecer posições diferentes na Ap sobre o Ius soli não falta”. É como dizer que a esperança é a última que morre. Zanda, o líder do Partido Democrata no Senado, observa: "Na ausência de números confiáveis, votar esta lei seria suicídio". A estratégia está se movendo em vários planos. Sábado, na Sala Clementina, o Papa receberá pela terceira vez 200 prefeitos membros da ANCI. Serão liderados por Antonio Decaro, prefeito de Bari e pessoa muito próxima de Renzi. O Presidente da ANCI resume as reflexões feitas por Bergoglio durante os últimos três encontros. No centro a "Laudato si’" e, naturalmente, o grande desafio da integração sobre a qual a sintonia é total.
O esforço diplomático não falta. No Palazzo Chigi, o primeiro-ministro acompanha o caso com grande atenção, deixando uma mão livre às negociações do ex-ministro da imigração Andrea Riccardi, amigo do Papa Bergoglio e muito próximo ao presidente Sergio Mattarella, bem como fundador da Comunidade de Sant'Egidio. Um elemento central da política italiana de imigração e peça chave no complicado tabuleiro de xadrez líbio, no qual Minniti se move com resultados satisfatórios, apreciados também por Bergoglio. Sobre esses temas, a visão entre as instituições laicas e religiosas coincidem. "Uma batalha pela civilidade", para o Cardeal Bassetti, presidente da CEI.
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Ius soli, a Igreja pressiona. O Papa convida os prefeitos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU