13 Outubro 2023
Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana - ESTEF: Dr. Bruno Glaab, Me. Carlos Rodrigo Dutra, Dr. Humberto Maiztegui e Me. Rita de Cácia Ló. Edição: Dr. Vanildo Luiz Zugno.
Primeira Leitura: Is 25, 6-10a
Salmo: 22,1-6 (R.6cd)
Segunda Leitura: Fl 4,12-14.19-20
Evangelho: Mt 22,1-14
No texto que lemos hoje percebemos uma estrutura bipartida: a) o juízo sobre Israel que refuta os missionários do Messias (v. 2-7); b) o juízo interno na Igreja, reunida na sala do banquete (v. 8-13).
O caráter fortemente nupcial de toda a cena (gamos, núpcias v. 2.3.4.8.9.10.11.12) evoca o grito do Apocalipse: “estão para realizar-se as núpcias do Cordeiro” (Ap 19,7).
Nesta parábola, Mateus triplica o envio de servos: v. 3: “enviou seus servos”; v. 4 “tornou a enviar”; v. 9: “ide às encruzilhadas”. A dinâmica é explícita: o convite conduz sempre a um juízo. O destino de Israel e da Igreja estão postos em paralelo diante do juízo.
Os maus-tratos aos servos (v. 6) são um reflexo da sorte trágica dessa missão. O texto paralelo de Lc 14, 16-24 é diferente ao mostrar os convidados somente desculpando-se por não poder vir.
O v. 7 alude aos eventos dos anos 70 d.C.: a destruição de Jerusalém e a destruição do templo são interpretadas por Mt como um castigo divino pelo repúdio de Israel aos missionários cristãos. A ameaça profética de Mt 21, 41 se cumpre historicamente.
A indignidade (“os convidados não eram dignos”, v. 8) não é outra coisa senão a atitude de repúdio. Tenha-se presente que repudiar o/a discípulo/a é repudiar seu Senhor. A “dignidade” é uma categoria fundamental no discurso missionário (10, 11ss). A recusa de Israel é inexplicável e desconcertante (v. 3: “não quiseram vir”; v. 5: “sem darem a menor atenção”), mas por outro lado é providencial, visto que abre caminho para a missão junto aos pagãos, ou seja, ao convite dirigido a todos, sem distinção nem discriminação (não somente àqueles que possuíam o direito de serem convidados, v. 3: kekleménoi, os convidados oficiais).
O detalhe do v. 10: “maus e bons”, não é acidental. Ele resulta da natureza da Igreja. São chamados os indignos, aqueles que não estavam de modo algum preparados (Lc detalha: pobres, estropiados, cegos, coxos). A mistura de bons e maus ao interno da Igreja é reflexo da gratuidade do convite.
Existe, no entanto, um preço a ser pago pela graça, uma adesão a ser dada ao convite: é a veste nupcial. É possível relacioná-la com a veste batismal, veste da fé e das obras correspondentes. Assim, os membros da Igreja serão julgados, como Israel, por obras dignas do Reino de Deus. O v. 14 conclui que entre a vocação gratuita e o juízo escatológico permanece a questão aberta da dignidade cristã. A relação entre “muitos” e “poucos” é típica de Mt (7, 13-14)
A primeira leitura, ao descrever a afluência de “todos os povos” a Jerusalém para uma festa, retoma e amplia concepções inclusivas de salvação. O Senhor, anfitrião do banquete, manifesta-se aos povos aniquilando a morte para que os convidados vivam eternamente com ele. Podemos relacionar tangencialmente o Salmo 22 com a primeira leitura e o evangelho pela associação da hospitalidade do Senhor com a durabilidade da “felicidade e amor”.
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28º domingo do tempo comum – Ano A – Subsídios exegéticos para a liturgia dominical - Instituto Humanitas Unisinos - IHU