01 Novembro 2019
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lc 19,1-10, que corresponde ao 31° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. No Brasil, as leituras correspondem à Festa de Todos os Santos e Santas, que foi transferida do dia 1º para o dia 03 de novembro.
Jesus alerta com frequência sobre o risco de ficar preso pela atração irresistível do dinheiro. O desejo insaciável de bem-estar material pode deitar a perder a vida de uma pessoa. Não faz falta ser muito rico. Quem vive escravo do dinheiro acaba fechado em si mesmo. Os outros não contam. Segundo Jesus, «onde esteja o vosso tesouro, aí estará o vosso coração».
Essa visão do perigo desumanizador do dinheiro não é um recurso do Profeta indignado da Galileia. Diferentes estudos analisam o poder do dinheiro como uma força ligada a impulsos profundos de autoproteção, busca de segurança e medo da caducidade da nossa existência.
Para Jesus, a atração do dinheiro não é um tipo de doença incurável. É possível libertar-se da sua escravidão e começar uma vida mais saudável. O rico não é «um caso perdido». É muito esclarecedor o relato de Lucas sobre o encontro de Jesus com um homem rico de Jericó.
Ao atravessar a cidade, Jesus encontra uma cena curiosa. Um homem de pequena estatura subiu a uma figueira para O poder ver de perto. Não é um desconhecido. Trata-se de um rico, poderoso chefe de cobradores. Para o povo de Jericó, um ser desprezível, um cobrador corrupto e sem escrúpulos. Para os setores religiosos, «um pecador» sem conversão possível, excluído de toda a salvação.
No entanto, Jesus faz-lhe uma proposta surpreendente: “Zaqueu, desce depressa, porque hoje tenho que ficar em tua casa”. Jesus quer ser acolhido na sua casa de pecador, no mundo de dinheiro e poder deste homem desprezado por todos. Zaqueu desceu de imediato e recebeu-O com alegria. Não tem medo de deixar entrar na sua vida o defensor dos pobres.
Lucas não explica o que aconteceu naquela casa. Diz apenas que o contato com Jesus transforma radicalmente o rico Zaqueu. O seu compromisso é firme. A partir de agora, pensará nos pobres: compartirá com eles os seus bens. Recordará também as vítimas de que abusou: devolverá com juros o que foi roubado. Jesus introduziu na sua vida justiça e amor solidário.
O relato conclui com umas palavras admiráveis de Jesus: “Hoje entrou a salvação nesta casa, pois também este é filho de Abraão”. “Porque o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”. Também os ricos se podem converter. Com Jesus tudo é possível. Ninguém o deve esquecer. Ele veio para procurar e salvar o que nós podemos estar a perder. Para Jesus não há casos perdidos.
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Para Jesus não há casos perdidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU