11 Outubro 2019
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lc 17,11-19 que corresponde ao 28° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
O relato começa narrando a cura de um grupo de dez leprosos nas proximidades de Samaria. Mas, desta vez, Lucas não se detém nos detalhes da
cura, mas na reação de um dos leprosos ao ser curado. O evangelista descreve cuidadosamente todos seus passos, porque ele quer sacudir a fé
rotineira de muitos cristãos.
Jesus pediu aos leprosos que se apresentassem aos sacerdotes para obter a autorização que lhes permita integrar-se na sociedade. Mas um deles, de
origem samaritana, quando vê que está curado, em vez de ir aos sacerdotes, volta para procurar Jesus. Sente que para ele começa uma nova vida. A partir daí, tudo será diferente: poderá viver de forma mais digna e feliz. Sabe a quem o deve. Necessita encontrar-se com Jesus.
Volta “louvando a Deus com grandes gritos”. Sabe que a força salvadora de Jesus só pode ter a sua origem em Deus. Agora sente algo novo por esse Pai Bom, de que fala Jesus. Não o esquecerá nunca. De agora em diante viverá dando graças a Deus. Louvará, gritando com todas as suas forças. Todos devem saber que se sente amado por Ele.
Ao se encontrar com Jesus, “cai a seus pés dando graças”. Os seus companheiros seguiram caminho para encontrar-se com os sacerdotes, mas ele sabe que Jesus é o seu único Salvador. Por isso está aqui junto a Ele dando-lhe graças. Em Jesus, encontrou o melhor presente de Deus.
Ao concluir o relato, Jesus toma a palavra e faz três perguntas expressando a sua surpresa e tristeza pelo que aconteceu. Não são dirigidas ao
samaritano que tem a Seus pés. Recolhem a mensagem que Lucas quer que se escute nas comunidades cristãs. “Não ficaram limpos os dez?”. Não se curaram todos? Por que não reconhecem o que receberam de Jesus? “Os outros nove, onde estão?”. Por que não estão ali? Por que há tantos cristãos que vivem sem dar graças a Deus, quase nunca? Por que vocês não sentem um agradecimento especial a Jesus? Não o conheçem? Não significa nada novo para eles?
“Só voltou este estrangeiro para dar glória a Deus?”. Por que há pessoas afastadas da prática religiosa que sentem verdadeira admiração e
agradecimento a Jesus, enquanto alguns cristãos não sentem nada de especial por Ele? Bento XVI advertia há alguns anos que um agnóstico em busca
pode estar mais perto de Deus do que um cristão de rotina que é apenas por tradição ou herança. Uma fé que não gera nos crentes alegria e gratidão é uma fé doente.
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