09 Dezembro 2016
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 11,2-12 que corresponde ao Terceiro Domingo de Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
A atuação de Jesus deixou desconcertado o Batista. Ele esperava um Messias que extirparia do mundo o pecado, impondo o julgamento rigoroso de Deus, não um Messias dedicado a curar feridas e a aliviar sofrimentos. A partir da prisão de Maqueronte, envia uma mensagem a Jesus: “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?”.
Jesus responde-lhe com a sua vida de profeta curador: “Ide contar a João o que estais vendo e ouvindo: os cegos recuperam a vista, os coxos andam; os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem; os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se a Boa Nova”. Este é o verdadeiro Messias: O que vem para aliviar o sofrimento, curar a vida e abrir um horizonte de esperança aos pobres.
Jesus sente-se enviado por um Pai misericordioso que quer para todos um mundo mais digno e ditoso. Por isso entrega-se a curar feridas, curar doenças e libertar a vida. E por isso pede a todos: “Sede compassivos como o vosso Pai é compassivo”.
Jesus não se sente enviado por um Juiz rigoroso para julgar os pecadores e condenar o mundo. Por isso não atemoriza ninguém com gestos justiceiros; pelo contrário, oferece a pecadores e prostitutas a Sua amizade e o Seu perdão. E por isso pede a todos: “Não julgueis e não sereis julgados”.
Jesus não cura nunca de forma arbitrária ou por puro sensacionalismo. Cura movido pela compaixão, procurando restaurar a vida dessas pessoas doentes, abatidas e quebradas. São as primeiras que devem experimentar que Deus é amigo de uma vida digna e sã.
Jesus não insistiu nunca no caráter prodigioso das suas curas, nem pensou nelas como receita fácil para suprimir o sofrimento no mundo. Apresentou a sua atividade de cura como sinal para mostrar aos seus seguidores em que direção temos de atuar para abrir caminhos a esse projeto humanizador do Pai que Ele chamava “reino de Deus”.
O Papa Francisco afirma que “curar feridas” é uma tarefa urgente: “Vejo com clareza que o que a Igreja necessita hoje é a capacidade de curar feridas”. Fala logo de “nos responsabilizarmos pelas pessoas, acompanhando-as como o bom samaritano, que lava, limpa e consola”. Fala também de “caminhar com as pessoas na noite, saber dialogar e inclusive descer à sua noite e obscuridade sem nos perdermos”.
Ao confiar a Sua missão aos discípulos, Jesus não os imagina como doutores, hierarcas, liturgistas ou teólogos, mas como quem cura. Sempre lhes confia uma dupla tarefa: curar doentes e anunciar que o reino de Deus está próximo.
Advento: olhos e ouvidos expansivos
Acesse outros Comentários do Evangelho: clique aqui
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Curar feridas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU