19 Dezembro 2018
"A razão monumentalmente importante por que celebramos o Advento, o Natal ou o resto do ano litúrgico: Deus veio para estar conosco, para sermos nós mesmos e para nos salvar", escreve Molly Mattingly, diretora do Ministério de Música da St. John's & Creighton University, em artigo publicado por America, 14-12-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
No ano passado, a revista America publicou “An (unconventional) Advent Playlist” (Playlist (não convencional) do Advento), um artigo incluindo duas listas de reprodução de Karen Nielsen e Rogelio Juárez, em resposta ao lamento no sentido de que “O Come, O Come, Emmanuel” (Oh venha, Oh venha, Emanuel, em português) era tudo que tínhamos em termos de músicas do Advento. Eu gostava de suas listas de reprodução, mas ainda estou chocada com a ideia de que não temos músicas o suficiente para este tempo!
Em minha playlist pessoal tenho mais de de 70 músicas para o Advento, das quais apenas cinco são variações no texto ou na melodia de “O come, O come, Emmanuel”. Eu sempre desejei que o Advento ocorresse em cinco domingos para podermos escutar todas as músicas.
Minha playlist do Advento inclui músicas que me levam a crer na vinda de Cristo.
“People, Look East” (Povo, olhe para o leste, em tradução livre) remete a uma preparação para receber Jesus com alegria em nossas casas. “A Voice Cries Out” (Uma voz grita, em tradução livre) é estridente, insistente e definitivamente nada silenciosa - muito semelhante a João Batista em seu chamado para transformar nossas vidas numa forma de preparação para o encontro com o Messias. Entre meus favoritos para este ano estão: “Find Us Read” (Encontre-nos Pronto), de Tom Booth; com “The Angel Gabriel” (O Anjo Gabriel), um coral do Advento da região basca da Espanha que me faz lembrar do corajoso "sim" de Maria, dando lugar para Cristo no mundo, e especialmente da música que descreve o Gabriel com “Wings of drifted snow, his eyes as flame” (Asas como neve, olhos como chamas, tradução livre).
Trabalho para um programa de ministério universitário numa paróquia católica local. Estou cada vez mais consciente de que preciso preparar um espaço para Cristo em minha vida e nas comunidades que sirvo. Eu amo o tradicional espírito de vigilância que a canção “Keep Your Lamps Trimmed and Burning” (Mantenham suas lâmpadas preparadas e acesas, em tradução livre) carrega em sua letra. Uma música bastante eficaz aos estudantes universitários nesta época do ano é “Children, don’t get weary ‘til your work is done” (Crianças, não se cansem até o trabalho acabar, em tradução livre).
Quando era estudante universitária e de pós-graduação, focada em terminar meu curso antes do Natal, me concentrei no aspecto da “preparação” do Advento. Depois que terminei a pós-graduação, encontrei uma nova admiração pela “espera” do Advento. Para mim, uma boa reflexão para este tempo é observar os momentos antes do sol nascer. É uma hora cheia de tons de rosa e violeta que se desvanecem no azul escuro da noite, paralelo ao silêncio que vem quando a neve cobre o chão e os pássaros se escondem em algum lugar quente. Este tempo é o do “estamos quase lá”, de Deus no silêncio e na escuridão, e de uma leve alegria quando o primeiro raio de luz aparece no horizonte.
Passei meus dois primeiros Adventos depois da pós-graduação na Irlanda, onde nesta época o sol não nasce até o final da manhã. Muitas vezes apreciei o céu durante a caminhada da casa em minha comunidade leiga até a paróquia onde trabalhávamos. Ainda preciso praticar a espera silenciosa para o encontro com Deus, mesmo quando preparo peças musicais de Natal e envio a estudantes nas últimas semanas do semestre.
Às vezes eu pratico a espera como o orador em “Stopping By the Woods on a Snowy Evening” (Parando no Bosque numa Noite de Neve, em tradução livre). Eu apenas paro para ver a neve cair e apreciar o silêncio. "Slow" (Devagar), de Audrey Assad, captura o aspecto da espera do Advento. Ela canta: "A fé não é tanto um fogo com um brilho / Combustão bela e tranquila sob a neve / E não é nada demais / É apenas o suficiente para me levar para casa / Porque o amor se move devagar” (tradução livre). Essas canções podem parecer intermináveis ao escutá-las.
[Stopping By the Woods on a Snowy Evening /
Faith is not a fire as much as it’s a glow /
A quiet lovely burning underneath the snow /
And it’s not too much /
It’s just enough to get me home /
Cause love moves slow]
Sempre gostei do jeito que “My Soul in Stillness Waits” (Minha alma aguarda em quietude, em tradução livre) evoca o ritmo constante da caminhada. As notas alongadas de “Patience, People” (Paciência, minha gente, em tradução livre) unem os cantores ao anseio do profeta, enquanto canta sobre a paciência. A interpretação do piano e do violoncelo em “O Come, O Come, Emmanuel” captura o desejo intenso que pode implicar na espera por algo ou alguém importante. Uma versão folclórica contemporânea de “Watchman, Tell Us of the Night” (Guarda, nos fale sobre a noite, em tradução livre) conta a um peregrino sobre a esperança na luz prestes a amanhecer.
Costumo gostar de melodias sombrias e pequenas peculiaridades do Advento, embora existam muitas canções que evocam a alegria pela qual esperamos com esperança durante este tempo. Paul Manz compôs “E’en So, Lord Jesus, Quickly Come” (Então, Senhor Jesus, Venha Rapidamente, em tradução livre), quando seu filho estava perto da morte. A música possui uma letra bem impactante, como podemos observar neste trecho: “Rejoice on earth, all ye that dwell below, for Christ is coming soon!” (Alegra-te na terra, todos que moram abaixo, pois Cristo está chegando em breve”.
“The Atheist Christmas Carol” (O Canto de Natal Ateu, em tradução livre) de Vienna Teng, fala ironicamente sobre a graça e intervenções divinas. A frase “Don’t forget: I love, I love, I love you” (Não esqueça: amo, amo, amo você) me lembra de como cada um de nós é amado por Deus. Não é isso que Deus diz para nós enquanto nos preparamos para encontrar Cristo?
"The King Shall Come” (O Rei Virá, em tradução livre) também é uma canção de alegria. Embora em um ritmo contemporâneo, é um texto muito antigo. Isso me lembra da razão monumentalmente importante por que celebramos o Advento, o Natal ou o resto do ano litúrgico: Deus veio para estar conosco, para sermos nós mesmos e para nos salvar. Ela liga a imagem de Jesus enquanto uma criança vulnerável para quem cantamos canções de ninar, com a imagem de Jesus adulto que escolheu o sofrimento para nos salvar. Iremos observar a chegada do Rei durante a manhã de natal. Escutaremos “Soon, and very soon” (Em breve, muito em breve, em português) e saudaremos a Cristo.
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Playlist do Advento: clássicos para a chegada de Jesus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU