19 Dezembro 2018
Os responsáveis, por decisão do Papa Francisco, pela organização e preparação da reunião de 21 de a 24 de fevereiro, no Vaticano sobre a proteção dos menores, ou seja, sobre as grandes e sensíveis questões da pedofilia clerical, os cardeais Blase J. Cupich e Oswald Gracias, o arcebispo Charles J. Scicluna e Padre Hans Zollner SJ, publicaram nesta terça-feira uma carta que eles enviaram aos participantes que representarão todas as Conferências episcopais, os diferentes Dicastérios da Cúria e outras instâncias. A carta ressalta algumas passagens muito interessantes, e, de alguma maneira, antecipa elementos significativos do importante encontro de fevereiro.
O comentário é publicado por Il sismografo, 18-12-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
1. O primeiro é um reconhecimento aberto que a pedofilia clerical na Igreja, no passado, foi enfrentada com "omissão", aliás, essa omissão tornou-se "uma forma de resposta" por parte da hierarquia e dos principais responsáveis nas dioceses e nas congregações religiosas. Agora, a carta lança mais um desafio, o oposto: "a solidariedade, entendida no seu significado profundo e exigente".
2. A carta, em seguida, manifesta outra reflexão de grande importância quando diz aos seus destinatários "na ausência de uma resposta abrangente e comum, não só não conseguiremos trazer recuperação para as vítimas sobreviventes, mas também a credibilidade da Igreja para continuar a missão de Cristo vai estar em risco em todo o mundo". Em outras palavras, essas poucas linhas identificam com precisão, lucidez e coragem a aposta que está em jogo no encontro de fevereiro, de fato: a recuperação das vítimas sobreviventes e a credibilidade futura da missão da Igreja.
3. Depois de uma afirmação tão exigente, a carta acrescenta uma passagem que, lida superficialmente, poderia até parecer bizarra. Os signatários dizem os participantes: "Pedimos a todos os presidentes das conferências episcopais para se aproximar e visitar as vítimas sobreviventes dos abusos por parte do clero em vossos respectivos países antes do encontro em Roma, para conhecer pessoalmente o sofrimento por que passaram".
Para algumas pessoas poderia parecer um pedido tardio, embora o papa Francisco sempre tenha insistido muito, dando o exemplo pessoalmente, sobre a proximidade com as vítimas. Nessa carta, no entanto, o convite para se encontrar com as vítimas da pedofilia é um gesto fundamental, de grande importância e "primeiro passo" de um processo: encontrar-se com as vítimas - diz a carta - "é o reconhecimento da verdade do que aconteceu."
4. Finalmente, a carta solicita responder algumas perguntas de um breve questionário para permitir às autoridades responsáveis da Santa Sé "identificar onde a ajuda é necessária para implementar reformas agora e no futuro, bem como para nos ajudar a obter um quadro completo da situação na Igreja”.
Nessa passagem parece encorajador o uso da palavra "reforma", no passado raramente usada em documentos oficiais sobre o assunto, e também bastante encorajadora se apresenta a agenda da reunião: Responsabilidade, Assunção de obrigações e desafios, Transparência.
Sendo assim as coisas, isso significa que a Reunião está sobre os trilhos de uma preparação adequada, justa e necessária.
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Na reunião sobre a pedofilia clerical de fevereiro estão em jogo "a recuperação das vítimas sobreviventes e a credibilidade futura da missão da Igreja" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU