Ratzinger responde a críticas sobre a sua renúncia

Bento XVI | Foto: Manhhhai /Flickr

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22 Setembro 2018

O papa emérito volta a campo. E faz isso com uma carta, datada de novembro de 2017 e escrita para defender a sua renúncia ao papado, anunciada no dia 11 de fevereiro de 2013.

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada em La Repubblica, 21-09-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A carta, publicada nessa quinta-feira, 20, pelo jornal Bild, está endereçada a um cardeal alemão anônimo, que parece corresponder ao perfil de Walter Brandmüiller, 89 anos, um dos cardeais octogenários que escreveram as “dubia” sobre a Amoris laetitia e a comunhão aos divorciados em segunda união: muita “raiva” contra mim, diz Ratzinger.

Como papa emérito, ele responde às críticas sobre a renúncia recebidas de ambientes conservadores que se sentiram traídos pela sua partida: “O papa não desce da cruz”, disse o cardeal Stanislaw Dziwisz em 2013, lembrando o que João Paulo II tinha feito.

Quem contesta a renúncia de Bento XVI diz que não é possível ir embora quando a Igreja se encontra em uma condição de crise. Foi dura a resposta de Ratzinger, que sofreu com o fato de as acusações terem sido movidas contra ele por pessoas próximas a ele: “Posso entender muito bem a profunda dor que o senhor e muitos outros sentiram com o fim do meu pontificado – escreve ele –, mas a dor, em alguns, assim me parece, e também no senhor, tornou-se uma raiva que não diz respeito apenas à renúncia, mas também se estende cada vez mais à minha pessoa e ao meu pontificado”.

E ainda: “Desse modo, o próprio pontificado foi desvalorizado e confundido com a tristeza sobre a situação da Igreja hoje”, explica Ratzinger. “Se o senhor conhece um modo melhor (para a renúncia) e acredita que pode condenar o modo que eu escolhi, por favor, me diga”.

O papa emérito se distanciou de ambientes tradicionalistas que o interpretam a seu modo, soprando sobre a dissidência ao atual pontificado e sobre a crise da Igreja, desencadeada, na opinião deles, pela sua partida. A tentativa desses setores é de puxar Ratzinger para o seu lado e de usá-lo contra seu sucessor. Um jogo do qual Bento XVI quer se afastar, como várias vezes lembrou Dom Georg Gänswein, prefeito da Casa Pontifícia, que não quis dizer nada sobre essa carta.

O último pronunciamento do secretário de Ratzinger remonta a alguns dias atrás: uma intervenção sobre os abusos sexuais dos padres contra menores, definidos como “o 11 de setembro da Igreja”.

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