19 Setembro 2018
Cai como uma bomba sobre o Vaticano, envolvido com a elaboração de uma resposta ao dossiê do ex-núncio Carlo Maria Viganò em Washington, a notícia de que o ex-estrategista de Trump, Steve Bannon, está organizando, em colaboração com o Instituto "Dignitatis Humanae" de Roma um curso de liderança para "políticos católicos conservadores", uma verdadeira facção populista, nacionalista e conservadora que dentro do mundo católico vem, em última análise, contrastar o magistério do Papa Bergoglio.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 18-09-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Bannon, um católico de posições extremistas e contrárias ao papado, está ligado ao cardeal ultraconservador estadunidense Raymond Burke e ao mundo que produziu o dossiê Viganò. E embora aparentemente tome distâncias de Viganò dizendo que Francisco "não deveria absolutamente renunciar" porque "é o vigário de Cristo na terra", na realidade a ação dos conservadores estadunidense em oposição a Francisco parece estudada e frontal e cada vez mais assume contornos de uma estratégia programada em detalhes.
O desejo de Bannon de deixar o Papa em seu lugar parece motivada principalmente pelo fato de que a liderança do bispo de Roma se desgasta mais assim. Bannon, não por acaso, declara sem hesitação que a resposta do Papa sobre a pedofilia é insuficiente e que "as pessoas precisam entender a extensão dos danos infligidos pela e para a Igreja católica." É por isso que ele invoca "um tribunal independente da Igreja" sobre a pedofilia. Inclusive porque, segundo ele, a convocação a Roma em fevereiro dos líderes do episcopado mundial "é demasiado tardia". O Instituto "Dignitatis Humanae" não é uma fundação neutra. Companhia religiosa de orientação conservadora, escolheu como base de trabalho a abadia de Trisulti, que passou à ala tradicionalista após que os últimos três monges, agora idosos, regressaram para Casamari.
O antigo convento, a uma centena de quilômetros a sudeste de Roma, poderá acomodar de 250 a 300 estudantes e, como afirmou o diretor Benjamin Harnwell, continuará os trabalhos daquele que para todos os efeitos é um think tank de caráter cattólico-tradicionalista que quer proteger e promover a dignidade humana com base na "verdade antropológica" de que o homem nasceu à imagem e semelhança de Deus.
O objetivo é favorecer essa visão através do apoio de cristãos na vida pública "ajudando-os a apresentar respostas eficazes e coerentes diante dos esforços crescentes para silenciar a voz cristã em praça pública". Uma atividade que é realizada incluindo a coordenação de grupos de trabalho parlamentares “alinhados com a dignidade humana em todo o mundo". E talvez não seja coincidência que, uma semana atrás, o cardeal Burke (que presidirá o think tank) tenha escolhido o Senado para apresentar o seu mais recente livro, Chiesa Cattolica, dove vai? Uma dichiarazione di fedeltà (Igreja Católica, onde você está indo? Uma declaração de fidelidade). Foi como se dissesse: é daqui que certos valores devem ser anunciados. Contra o magistério de Bergoglio também está a ala católica italiana que não tem escrúpulos em olhar para Salvini e seu mundo. Bannon, fazendo o lançamento em Roma de "The Movement", disse: "Salvini é um líder mundial."
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A Igreja na escola Bannon para criar um movimento anti-Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU