20 Abril 2018
Reabilitação plena do teólogo José María Castillo e de sua obra teológica. “Leio com muito prazer seus livros, que fazem muito bem às pessoas”. Com esta frase, Francisco ‘abençoou’ o teólogo espanhol no Vaticano, onde há duas décadas cassaram sua ‘venia docendi’. Por outro lado, convida Religión Digital a “continuar apostando na renovação de uma Igreja em saída”.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 19-04-2018. A tradução é de André Langer.
Castillo, muito emocionado, agradeceu o gesto do Papa, enquanto entregava a Francisco dois de seus últimos livros: Jesus: a humanização de Deus (Petrópolis: Vozes, 2015) e A humanidade de Jesus (Petrópolis: Vozes, 2017).
Papa Francisco e Castillo (Foto: L'Osservatore Romano)
Primeiro, participamos da missa na capela Santa Marta. Simples, austera, autêntica. É a sua missa, a que Francisco celebra com devoção e intimidade. Como que sussurrando. Como um pároco que celebra em sua pequena capela.
Nós éramos cerca de trinta pessoas. Um bispo italiano, acompanhado por 08 de seus presbíteros, mais alguns outros padres, entre eles o pároco de Santo Estêvão de Sevilha, o secretário do Papa, o padre Yoannis, e cerca de 20 fiéis de vários países e origens.
Com sua costumeira capacidade sedutora e didática, Francisco, na homilia, apresentou um tratado sobre como evangelizar hoje, em não mais que cinco minutos. Com a ajuda do Espírito e de três verbos: levantar-se, aproximar-se e começar pelas perguntas das pessoas. Três atitudes necessárias da evangelização, mas que, sem se colocar nas mãos do Espírito, também não levam a lugar nenhum.
Depois da missa, o Papa sentou-se em uma cadeira no meio das pessoas e fez uma longa ação de graças. Em seguida, como qualquer pároco, foi até a porta de entrada da capela e começou a saudar um a um os participantes.
O Papa aprecia muito José María Castillo e, de fato, durante esses anos de pontificado, ele primeiro enviou-lhe uma carta e, depois, falou com ele por telefone. Hoje, viram-se frente a frente, saudaram-se efusivamente e o teólogo lhe disse: “Santidade, somos dois jesuítas 'indocumentados' (sem documentos)”.
O Papa sorriu e agradeceu pelo encontro. E, olhando em seus olhos, recebeu seus livros e ‘abençoou’ sua teologia: “Eu leio com muito prazer seus livros, que fazem muito bem às pessoas”, disse Francisco a Castillo.
Mais tarde, José María explicou: “Da Companhia se sai por cima, como no caso do Papa, ou por baixo, como no meu. Mas em ambos os casos somos e seremos sempre jesuítas... agora 'indocumentados'”.
Quando chegou a minha vez nesta segunda oportunidade que tive para saudar o Papa, pensei que seria mais fácil, mas senti o mesmo nervosismo da primeira vez e a mesma sensação de estar assistindo a um ‘kairos’ e à realização de um sonho.
Papa Francisco e Castillo (Foto: L'Osservatore Romano)
Eu me apresentei, mostrei-lhe uma fotocópia colorida do Religión Digital e outra do cabeçalho do sítio ‘Pro Francisco’ que há três anos estamos hospedando em nosso sítio. Francisco colocou suas duas mãos sobre a minha e me disse: “Continuem apostando na renovação de uma Igreja em saída”.
Em seguida, entreguei-lhe três tabletes de mandolate artesanal.
“- Santidade, trouxe-lhe alguns mandolates espanhóis. Daquele que emagrece.
- Para prová-lo e partilhá-lo com o seu secretário, o padre Yoannis, que foi quem nos enviou os convites para esta missa.
- É claro que vou compartilhar com ele. Muito obrigado.”
E o Papa foi tomar o café da manhã, enquanto Castillo, Margarita e eu nos abraçamos, mas não sem antes agradecer ao padre Yoannis, que tornou possível o nosso encontro com Francisco.
Ao sair de Santa Marta, na esplanada com vista para os fundos da Basílica de São Pedro, Castillo, ainda emocionado, disse: “Temos que desfrutar deste Papa, que é uma bênção de Deus para a sua Igreja e apoiá-lo com todo o nosso ser. Porque assim estaremos apoiando a Igreja do Vaticano II e, o que é mais importante, o Reino de Deus”.
Assim o faremos, professor. E parabéns!
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Papa reabilita teólogo espanhol. "Leio com prazer seus livros, que fazem muito bem às pessoas", disse Francisco a José María Castillo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU