19 Setembro 2017
É preciso rezar pelos que governam. Ainda que errem. Não fazer isto é pecado. Mas, ao mesmo tempo, os que governam não devem descuidar da oração, caso contrário, ficam só com o “grupinho” de seu partido. Os que são agnósticos devem “confrontar-se”. É o pedido que o Papa Francisco dirigiu hoje, segunda-feira, 18 de setembro de 2017, pela manhã, durante a Missa na capela da Casa Santa Marta, segundo apontou a Rádio Vaticano.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada por Vatican Insider, 18-09-2017. A tradução é do Cepat.
A reflexão do Papa começou com a Primeira Leitura do dia, na qual São Paulo aconselha Timóteo a rezar pelos governantes. Ao mesmo tempo, destacou que no Evangelho há um governante que reza: é o centurião que tinha um servo enfermo. Amava o seu povo e amava o seu servo, posto que se preocupava com ele.
“Este homem experimentou a necessidade da oração”, disse, e não só porque “amava”, mas também porque “tinha consciência de não ser o patrão de tudo, não ser a última instância”. Sabia que acima dele há outro que governa. Tinha subalternos, os soldados, mas ele próprio estava na condição de subalterno. E isto o leva a orar. Com efeito, o governante que tem esta consciência, reza.
“Se não reza – admoestou -, fecha-se em sua própria autorreferencialidade ou na de seu partido, naquele círculo do qual não pode sair, é um homem fechado em si mesmo. Contudo, quando enxerga os verdadeiros problemas, tem esta consciência de ‘subalternidade’, que há outro que tem mais poder que ele. Quem tem mais poder que um governante? O povo, que lhe deu o poder, e Deus, do qual vem o poder através do povo. Quando um governante tem esta consciência de ‘subalternidade’, reza”.
O Papa ressaltou a importância da oração do governante, “porque – como disse – é a oração pelo bem comum do povo que lhe foi encomendado”. E recordou, neste sentido, a conversa que manteve justamente com um governante que todos os dias passava duas horas em silêncio diante de Deus, apesar de estar muito ocupado. É necessário, portanto, pedir a Deus a graça de poder governar bem, assim como Salomão que não pediu a Deus riqueza, mas, sim, sabedoria para governar.
Daí, Francisco ter afirmado que os governantes “devem pedir ao Senhor esta sabedoria. É tão importante que os governantes rezem – reafirmou – pedindo ao Senhor que não lhe retire a consciência do caráter de ‘subalternos’ de Deus e do povo”: “Que minha força se encontre ali e não no pequeno grupo ou em mim mesmo”.
E a quem poderia rebater dizendo que é agnóstico ou ateu, o Papa respondeu: “Se não pode rezar, confronte-se com sua consciência”, com “os sábios de seu povo”. Mas “não permaneça só com o grupinho de seu partido”, porque como ressaltou Francisco, “isto é autorreferencial”.
Levando em consideração que, na Primeira Leitura, Paulo convidava a rezar pelos reis, o Santo Padre comentou que “quando um governante faz uma coisa que não nos agrada é criticado ou, ao contrário, elogiado. É deixado só com seu partido, com o Parlamento”: “‘Não, eu votei nele’... ‘eu não votei nele, problema seu’. Não, nós não podemos deixar os governantes sós: devemos acompanhá-los com a oração. Os cristãos devem rezar pelos governantes. ‘Mas, Padre, como vou rezar por este, que faz coisas tão graves?’ – ‘Tem mais necessidade ainda. Reza, faz penitência pelo governante’. A oração de intercessão – é tão belo isto que disse Paulo – é para todos os reis, para todos aqueles que estão no poder. Para quê? ‘Para que possamos conduzir uma vida calma e tranquila’. Quando o governante é livre e pode governar em paz, todo o povo se beneficia disto”.
O Papa Francisco concluiu pedindo que se faça um exame de consciência sobre a oração pelos governantes: “Peço-lhes um favor: cada um de vocês dedique hoje cinco minutos, não mais que isso. Se é um governante, pergunte-se: ‘Eu rezo ao que me deu o poder através do povo?’. E se não é governante: ‘Eu rezo pelos governantes? Sim, por este ou por aquele, sim, porque me agrada; por aquele, não. E tem mais necessidade aqueles que este!’. Rezo por todos os governantes? E se vocês se dão conta, quando fazem o exame de consciência para se confessar, que não rezaram pelos governantes, levem isto à confissão. Porque não rezar pelos governantes é um pecado”.
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“Quem governa, que reze. Se é ateu, confronte-se”, pede Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU