18 Setembro 2017
"Deveríamos acordar para os graves perigos que o mundo enfrenta hoje, perigos sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial". Este é o alerta perturbador que acaba de ser dado pelo arcebispo Paul Gallagher, secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados, após sua visita, na semana passada, a Teerã, onde tratou com as autoridades iranianas as difíceis situações em que vivem os rohingya em Mianmar e os cristãos no Oriente Médio.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 16-09-2017. A tradução é de André Langer.
Em entrevista à Rádio Vaticano, o chanceler do Vaticano revelou que, desde que tanto o Papa Francisco, como o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, se reuniram com a conselheira de Estado de Mianmar, Aung San Suu Kyi, em maio deste ano, e se interessaram pelo sofrimento dos rohingya, a Santa Sé continuou a manter-se informada sobre a perseguição que esse povo ainda sofre.
Juntamente com o arcebispo de Yangon, o cardeal Charles Bo, e as autoridades eclesiais locais, disse Gallagher, o Vaticano continuará a pressionar o governo naquilo que é uma situação "muito complexa e difícil". Embora seja uma pressão, acredita o chanceler, que não vai pôr em causa a visita do Papa a Mianmar e Bangladesh prevista para 27 a 30 de novembro.
Por outro lado, o chanceler da Santa Sé afirmou que os cristãos no Oriente Médio "desempenham um papel essencial" nessa sociedade, "algo como um cimento" que a mantém unida. Embora existam conflitos étnicos ou religiosos, argumentou, o importante é que os cristãos, "que sempre estiveram lá", continuem a fazer parte da paisagem do Oriente Médio. Para "serem cidadãos como os outros, e darem a sua contribuição para a reconstrução" dos países destruídos pelas guerras.
Outra questão relacionada, porém diferente, que o arcebispo Gallagher tratou com as autoridades iranianas é a situação dos cristãos no país pérsico. Embora os diplomatas com os quais conversou fossem "muito elogiosos sobre o papel dos cristãos e as contribuições que eles dão" no Irã, a questão da liberdade religiosa, na opinião do Vaticano, ainda está sem solução, já que "está bastante claro" que as normas a que os cristãos estão sujeitos no país "são muito exigentes". Algo que o chanceler espera que com sua visita ajude a resolver, além de proporcionar uma “cooperação” que aborde "os problemas práticos dessas comunidades”.
Mas Mianmar, Oriente Médio e Irã já à parte, o que mais preocupa o Vaticano nesse momento, de acordo com o que Gallagher revelou à Rádio Vaticano, é a delicadíssima situação entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos. Embora a Santa Sé "continue empenhada em promover um mundo livre de armas nucleares", baseado, por sua vez, "na ética da fraternidade e não da agressão", os canais de comunicação do Vaticano com o regime de Kim Jong-un "são muito fracos".
Diante desse fato, o arcebispo pediu à comunidade internacional "para que continue a pressionar a Coreia do Norte" – enquanto o Vaticano oferece "o apoio que podemos" – e, ao mesmo tempo, "ver a crise na península coreana como parte de uma situação de grande insegurança em geral” no mundo. A pior, lamentou o chanceler do Vaticano, que vimos desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
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O chanceler do Vaticano adverte que o mundo enfrenta hoje “perigos sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU