30 Mai 2017
O papa muda o seu vigário. Depois de dois anos de prorrogação, o cardeal Agostino Vallini, 77 anos, deixa o seu posto. Francisco nomeou o bispo auxiliar Angelo De Donatis, 63 anos, natural de Salento, por muito tempo pároco em Roma.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por La Stampa, 27-05-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O vigário de Roma sempre foi criado cardeal (se não o fosse, como no caso de Vallini): a constituição Ecclesia in Urbe, de João Paulo II, especifica os seus papéis: “O cardeal vigário – escrevia o Papa Wojtyla –, em meu nome e por meu mandato, exerce o ministério episcopal de magistério, santificação e governo pastoral para a diocese de Roma, com poder ordinário vicário nos termos por mim estabelecidos. Por isso, ele tem alta e efetiva direção do Vicariato”.
Chegou-se à nomeação depois que o Papa Francisco promoveu uma consulta coenvolvendo as paróquias. Foram cerca de 400 as cartas que chegaram ao papa, com o perfil e os possíveis candidatos. A Diocese de Roma não está isenta de problemas, e o papa escolheu uma figura que pode colaborar mais estreitamente com os párocos, em sintonia com o modelo de pastor que ele está indicando à Igreja desde a sua eleição.
Ao meio-dia da última sexta-feira, o novo vigário De Donatis, emocionado, começou a sua saudação com uma piada: “O Papa Francisco disse brincando uma vez: ‘Só se se tem sérios problemas psiquiátricos pode-se aspirar a se tornar papa!’. Pois bem... sobre o fato de me tornar vigário de Roma, eu lhes garanto que eu nunca tive esses problemas psiquiátricos!”.
De Donatis é considerado uma figura carismática, não só na paróquia de São Marcos Evangelista no Capitólio, por anos a sua paróquia no centro de Roma, mas também por muitos padres romanos, dos quais é pai espiritual e formador. O papa tinha chamado o Pe. Angelo para pregar os Exercícios Espirituais para a Quaresma de 2014, em Ariccia, dedicados à Curia Romana. E, no ano seguinte, o nomeou bispo auxiliar de Roma.
Francisco já o considerava a sua pessoa de referência na relação com os padres da diocese e lhe havia confiado, no momento da nomeação episcopal, com uma decisão inédita, o cuidado do clero. O novo vigário é descrito como “homem de oração” e de “profunda espiritualidade”.
Na sua primeira saudação, ele quis recordar as palavras de um cardeal amado pelos padres, Ugo Poletti, vigário de Roma com Paulo VI e, depois, com João Paulo II: “Ele me acompanhou por tantos anos” e “me repetia: ‘Angelo, lembre-se que a nossa diocese não é uma máquina para se fazer funcionar, mas uma família para se amar!’”.
Nascido em 4 de janeiro de 1954, em Casarano, província de Lecce, aluno do Pontifício Seminário Romano Maior, ele obteve uma licenciatura em teologia moral na Gregoriana. Foi ordenado sacerdote em 1980 pela Diocese de Nardò-Gallipoli e, desde 28 de novembro de 1983, está incardinado em Roma. Colaborou com várias paróquias, trabalhou no Vicariato e, de 1990 a 2003, foi diretor espiritual do Seminário Romano.
A sua nomeação parece estar em linha com a do novo presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), Gualtiero Bassetti, que Francisco decidiu há alguns dias. Agora, aguarda-se a nomeação do novo arcebispo de Milão. É provável que Bergoglio não se distancie da linha seguida para essas duas nomeações cruciais para a Igreja italiana e para a Diocese de Roma.
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Há um ano e meio, novo vigário-geral do papa era pároco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU