Por: André | 20 Novembro 2013
A família religiosa fundada há mais de quatro séculos por São Camilo de Lellis está vivendo um verdadeiro pesadelo por conta da prisão de seu superior geral, Renato Salvatore, acusado de conspirar para manter-se no poder à frente da ordem. Um escândalo que não podia chegar em pior hora, exatamente quando se aproxima uma série de celebrações por ocasião do aniversário da morte de seu fundador.
A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez e publicada por Vatican Insider, 19-11-2013. A tradução é de André Langer.
A crise começou no dia 06 de novembro, quando uma patrulha da Guarda de Finanças italiana chegou à casa geral da Ordem dos Ministros dos Enfermos, cujos membros são conhecidos como “camilianos”. Ali mesmo, na casa romana Piazza della Maddalena e diante do estupor generalizado, os policiais prenderam o padre superior.
A acusação? Envolvimento em sequestro de pessoa. Segundo fontes judiciais o sacerdote teria organizado (junto com outras cinco pessoas) uma operação policial fictícia com o objetivo de entreter dois sacerdotes que lhe faziam oposição e que poderiam impedir sua reeleição. O pretendido controle funcionou, os padres não se apresentaram no capítulo realizado no dia 13 de maio na Casa do Divino Mestre de Ariccia e Salvatore foi confirmado no cargo.
A prisão caiu como um balde de água fria na comunidade religiosa, presente em diversos países e dedicada ao cuidado dos doentes através de numerosas estruturas de saúde. A primeira resposta da instituição foi um comunicado sucinto no qual se expressou “consternação” e “confiança” em que a justiça esclarecerá o assunto.
Depois de vários de dias de ansiedade e respostas breves, a Consulta Geral da Ordem enviou, no fim de semana passado, uma carta a todos os membros, funcionários, amigos e colaboradores. A carta, com data de 15 de novembro, constatou a “dor” e a “confusão” produzidas pela prisão do superior, mas destacou o consolo pela “proximidade e participação” de muitas pessoas e instituições neste momento difícil.
“Enquanto esperamos que a justiça, na busca da verdade, jogue luz sobre os acontecimentos, expressamos proximidade, afeto e oração pela pessoa do padre Renato”, indicou o texto.
Acrescentou que os superiores estão decididos a “intervir ativamente” para superar esta crise, por isso conta com a colaboração de advogados e canonistas, tendo “contatos construtivos” com a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica do Vaticano.
Além disso, insistiu em “evitar pronunciamentos críticos e juízos sobre pessoas e acontecimento, reforçando o sentido de pertença à nossa família religiosa e demonstrando, com nossa generosa fidelidade ao carisma, que quanto ocorreu nestes dias não interromperá em nenhum modo o caminho da ordem”.
A Consulta considerou também oportuno que prossigam as iniciativas programadas para o IV centenário da morte do fundador, mas recomendou que as mesmas adotem “preferencialmente um estilo caracterizado pela sobriedade”.
“Uma visão crente das experiências críticas dos indivíduos e das comunidades nos convida a viver este doloroso momento como oportunidade de purificação e renovação”, apontou.
A sobriedade invocada deverá ser praticada de imediato. Não obstante os últimos acontecimentos, manter-se-á uma série de atos nestes dias 19 e 20 de novembro por ocasião do 25º aniversário do “Camillianum”, o Instituto Internacional de Teologia e Pastoral da Saúde da Ordem.
Imediatamente e como estava previsto confirmou-se a presença de todos os participantes, inclusive personalidades da Santa Sé, como Rino Fisichella e Zygmunt Zimowski, presidentes dos Pontifícios Conselhos para a Nova Evangelização e para a Saúde, respectivamente. Neste contexto, a ausência do superior Salvatore será incômoda. As palavras de boas-vindas serão dirigidas pelo vigário geral, Paolo Guarise.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
O pesadelo dos filhos de São Camilo de Lellis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU