15 Março 2022
Em Munique, uma missa é celebrada uma vez por mês para a comunidade LGBTQ+ na igreja de São Paulo da diocese de Munique-Fresinga. Uma tradição que ontem teve um celebrante especial: o cardeal Reinhard Marx, arcebispo metropolitano da diocese. De acordo com a reportagem do Der Spiegel, o cardeal Marx na cerimônia pediu desculpas pela maneira como sua igreja tratou as pessoas homossexuais no passado. "É uma história de dor para muitas pessoas", disse o arcebispo de Munique e Freising por ocasião da celebração do 20º aniversário da comunidade LGBTQ+. O cardeal lembrou o quanto a Igreja tornou a vida difícil para muitas pessoas homossexuais e "quantas feridas causou" ele especificou.
A reportagem é publicada por Il Sismografo, 14-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Há três anos o Cardeal Marx já havia se manifestado a favor da bênção para os casais homossexuais que, como é sabido, o Papa Francisco negou com um Responsum em 22 de fevereiro de 2021. "Os casais homossexuais podem receber uma bênção, no sentido de um acompanhamento espiritual", havia dito o cardeal em entrevista a um jornal alemão, especificando, no entanto, que não seria uma bênção que torna as relações homossexuais "semelhantes ao matrimônio".
De fato, não é possível a um casal homossexual receber este sacramento, "que está reservado à relação entre homem e mulher, aberta aos filhos". As palavras do cardeal foram interpretadas como uma abertura das portas da Igreja aos casais homossexuais. "A Igreja não pode diminuir uma relação homossexual sólida, na qual cada um dos dois parceiros permanece ao lado do outro por anos".
Dois anos depois, em 10 de maio, mais de cem paróquias católicas alemãs ofereceram bênçãos em massa aos casais homossexuais em um ato de aberta oposição ao Vaticano.
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O Cardeal Reinhard Marx pede desculpas às pessoas LGBTQ+ pelo comportamento da igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU