05 Março 2020
Para responder "ao claro imperativo moral de agir em prol da proteção de nosso planeta para as gerações futuras", os jesuítas da Grã-Bretanha - o maior instituto religioso masculino do país - decidiram deixar de investir em empresas cuja principal fonte de renda advém da extração de combustíveis fósseis. O anúncio foi feito recentemente pelo superior provincial, padre Damian Howard, reiterando que "a mudança climática é o desafio mais urgente que o mundo deve enfrentar em um momento em que os desastres climáticos estão causando cada vez mais destruição, atingindo duramente os países mais pobres, apesar de eles raramente serem a causa.
A informação foi publicada por L'Osservatore Romano e reproduzida por Il Sismografo, 3/4-03-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
O que acontece no nível climático e ambiental terá implicações negativas para todos nós, razão pela qual devemos agir juntos o mais rápido possível para proteger as condições de vida", continua o sacerdote, almejando que "os jesuítas possam contribuir para esse esforço comum".
Na Grã-Bretanha, a Companhia de Jesus gerencia recursos utilizados para financiar obras e projetos de caridade no país e no mundo todo. O capital, administrado por três gestores, será totalmente desinvestido até o final de 2020, completando assim o processo já em curso para mais da metade das participações.
Como vários estudos científicos demonstram que o planeta inteiro está enfrentando uma grave emergência climática, o padre Howard convida "todas as instituições a reagir diante dessa crise ecológica e tomar ações corajosas para reduzir o consumo energético e mudar para fontes renováveis". Os grandes investidores, em particular, são chamados a "fazer todo o possível para ajudar a evitar as graves consequências que poderiam resultar".
Nesse sentido, a Companhia de Jesus também lança um apelo ao governo britânico, convidando-o a "agir com urgência para reduzir as emissões de carbono e incentivar outras nações a seguir o mesmo caminho", especialmente em vista da próxima conferência climática das Nações Unidas (Cop26) a ser realizada em Glasgow em novembro próximo. “O mundo - comenta Paul Chitnis, diretor para o Reino Unido das missões jesuítas - deve responder aos enormes desafios e oportunidades das mudanças climáticas com muito mais urgência. Vemos em toda parte o impacto das mudanças climáticas sobre as comunidades e são as pessoas mais pobres e mais marginalizadas que mais sofrem. É por isso que o povo britânico espera que o Reino Unido honre seus compromissos sobre o clima".
Do Madagascar, o responsável do programa do Centro Social Arrupe, Efa Ravelonantoandro, testemunha: “O sul do país agora está quente demais e o número de pessoas deslocadas internamente está crescendo. Com as contínuas inundações, mais e mais doenças estão se espalhando entre a população”. No Madagascar, ele acrescenta, "temos muitos rios, mas não estamos gerando suficiente energia renovável. Usamos muitos combustíveis fósseis”.
Além da Grã-Bretanha, os jesuítas no Canadá, Itália e Austrália decidiram reduzir o carvão de seus investimentos, bem como o Jesuit european social center, em Bruxelas, e a Jesuits justice ecology network Africa, com sede em Nairobi, no Quênia. Enquanto isso, no mês passado, no Reino Unido, as de Middlesbrough e Lancaster foram as primeiras dioceses do país a desistir de seus investimentos em combustíveis fósseis.
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O compromisso dos jesuítas na Grã-Bretanha para reduzir os danos causados pelas mudanças climáticas. O desafio mais urgente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU