27 Abril 2022
Aos 70 anos, o atual arcebispo de Lille foi escolhido pelo Papa Francisco para substituir o arcebispo Michel Aupetit, que renunciou em dezembro de 2021. Como o Le Figaro havia anunciado na semana passada, é de fato o atual arcebispo de Lille, dom Laurent Ulrich, 70 anos, que o Papa Francisco escolheu para ser o novo arcebispo de Paris. Nomeado oficialmente no dia 26 de abril, ele substitui o bispo Michel Aupetit, 70 anos, cuja renúncia o papa aceitou em dezembro de 2021, após as acusações de relação sentimental com uma mulher que o prelado sempre negou formalmente. A esses rumores se somaram tensões recorrentes pelas quais foi acusado na gestão da diocese.
A reportagem é de Jean-Marie Guénois, publicada por Le Figaro, 26-04-2022. A tradução é do Cepat.
Com 106 paróquias e 500 padres ativos, Paris é a maior diocese da França e também a mais simbólica. O cargo de arcebispo de Paris tem uma dimensão de gestão e administração muito importante, mas também uma função vital de representação da Igreja Católica junto aos poderes públicos no mais alto nível do Estado. Um “arcebispo” é um bispo como qualquer outro, exceto que está à frente de uma diocese maior e que dirige uma “província” eclesiástica, comparável a uma região da França, com várias “dioceses” do tamanho de um departamento.
Dom Laurent Ulrich beneficia-se de uma longa experiência episcopal, pois exerceu essa responsabilidade durante vinte anos. Primeiro em Chambéry (2000-2008), depois no norte, em Lille (2008-2022). Ele é um homem bastante metódico, conhecido por sua capacidade de gestão e administração. “Ele acompanha de perto os assuntos, ouve todos os pontos de vista, mas sabe decidir. Sem ser autoritário, tem uma autoridade natural”, confidencia um dos seus colaboradores. Ele também é, na opinião de muitos, um bom pregador. Ele é conhecido nacionalmente por ter sido vice-presidente da Conferência dos Bispos da França (CEF), mas também presidente da instância econômica dos bispos da França. Sensível à comunicação, ele também presidiu a rede RCF, formada por rádios cristãs de língua francesa.
A escolha desse perfil, no entanto, surpreende muitos padres e bispos católicos, pois ele representa uma ruptura com quatro décadas parisienses marcadas pelo cardeal Jean-Marie Lustiger. Este havia criado, desde a sua nomeação em Paris, em 1981, um modelo pastoral muito diferente do modelo da conferência dos bispos da época, caracterizado por uma Igreja Católica bem identificada, fortemente voltada para a formação dos sacerdotes e uma visão tanto clássica quanto aberta do sacerdócio. Este modelo teve grande sucesso e ainda dá muito fruto, mesmo que tenha sido combatido dentro da Igreja da França por uma visão mais progressista hoje encarnada pelo pontificado do Papa Francisco e da qual dom Ulrich é um herdeiro. Um observador diz, no entanto, que se tornou, com a experiência, “mais pragmático do que ideológico”, como demonstra a forma como geriu o assunto dos tradicionalistas em Lille nos últimos três anos.
Muitos acreditam que a nomeação do bispo Ulrich poderá corresponder ao fim da "era Lustiger” em Paris. Mas isso sem contar com o grande número de vocações sacerdotais que o cardeal Lustiger despertou, sacerdotes muito bem formados e que hoje estão em atividade. Assim, a escolha de Roma se explica também pela longa experiência episcopal do bispo Ulrich e pela sua idade... Ele fará 71 anos em setembro próximo. Terá, pois, que apresentar sua renúncia ao papa em apenas quatro anos, como a regra impõe na Igreja para qualquer bispo que tenha completado 75 anos de idade. Mais do que uma revolução, trata-se de um período de forte transição que se abre para a Igreja de Paris.
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Laurent Ulrich é nomeado arcebispo de Paris. O fim da 'era Lustiger' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU