"Sobre as escolas católicas de educação básica, o texto-base da Campanha da Fraternidade 2022, nos números 90 a 95, dentre outros aspectos destaca que 'estas se inserem na missão salvífica da Igreja e especialmente na exigência da educação na fé'", escreve Eliseu Wisniewski, presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos) Província do Sul e mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), ao comentar o livro Compêndio de Pastoral Escolar para a Educação Básica na Escola Católica, de Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, Ir. Valéria Andrade Leal, ASCJ, Gregory Rial (Editora Vozes; Edições CNBB, 2021, 424 p.).

Eis o artigo.

A palavra Compêndio significa pesar (pendere) junto (com). Pesar juntos a temática da Pastoral Escolar é a tarefa dos autores e autoras do Compêndio de Pastoral Escolar para a Educação Básica na Escola Católica (Editora Vozes; Edições CNBB, 2021, 424 p.). Esta obra foi organizada por Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, Ir. Valéria Andrade Leal, ASCJ, Gregory Rial.

Capa do livro (Imagem: Divulgação)

Pretende ser um “guia bem amadurecido” (p. 25), e, por isso, “recolhe a história e a identidade da prática evangelizadora escolar, suas referências eclesiais e fundamentos teológicos, seus desdobramentos pedagógicos e fundamentações didáticas, suas atividades e desenvolvimentos espirituais, bem como as articulações comunitárias entre as escolas e os movimentos e demais pastorais da Igreja” (p. 25). Portanto, o “Compêndio inova na medida em que reúne informações históricas, discute conceitos e definições, relata experiências, inventaria caminhos percorridos, abre perspectivas e deixa a entender que há muita estrada a percorrer” (p. 21).

O Compêndio está organizado em cinco seções assim distribuídas:

1) História e identidade Pastoral (p. 29-62) constitui-se de três verbetes: 1) Pastoral Escolar: termo e pesquisa (p. 36-45); 2) Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e a Pastoral Escolar (p. 46-51); 3) Congregações Religiosas, Associação de Educação Católica (AEC) e Associação Nacional de Educação Católica (ANEC) (p. 52-62). Nesta primeira seção mostra-se que a “história e a identidade da Pastoral Escolar alimentam-se de uma presença iluminada e alinhada à Boa Notícia do Evangelho, aos princípios cristãos católicos e, porque não dizer, aos carismas das congregações. Mesmo porque a principal finalidade da Pastoral Escolar é fomentar a memória e a alegria de que todos são filhos e filhas muito amados por Deus” (p. 35).

2) Fundamentos para a Pastoral Escolar (p. 63-139), os verbetes desta unidade abordam os seguintes temas: 1) Identidade confessional (p. 72-79); 2) Legislação da educação confessional (p. 80-82); 3) Evangelização (p. 83-86); 4) Pastoral da Educação (p. 87-94); 5) Pastoral Escolar (p. 95-99); 6) Escola em pastoral (p. 100-105); 7) Dimensões para a Pastoral Escolar (p. 106-123); 8) Ensino Religioso (p. 124-134); 9) Catequese (p. 135-139). Os autores e autoras desta seção aprofundam estes conteúdos, trazendo “os fundamentos, as especificidades, os aspectos de transversalidade, as convergências, as diferenças e os seus propósitos em vista da evangelização da escola católica, dos membros da comunidade educativa e da cultura” (p. 71).

3) Perspectiva pedagógica da Pastoral Escolar (p. 141-223), os verbetes deste bloco “buscam sinalizar a necessidade de elaboração de uma sistematização integrada e participativa para que a prática educativo-evangelizadora da pastoral atenda os diversos segmentos que compõem a realidade escolar” (p. 145), a saber: 1) Sujeito (p. 152-157); 2) Educação infantil (p. 158-163); 3) Ensino fundamental – anos iniciais (p. 164-169); 4) Ensino fundamental – anos finais (p. 170-174); 5) Ensino médio (p. 175-188); 6) Currículo evangelizador (p. 189-196); 7) Dimensão pastoral das aprendizagens (p. 197-207); 8) Educar evangelizando e evangelizar educando (p. 208-216); 9) Competências, habilidades, atitudes, valores e espiritualidade (p. 217-223). Os autores e autoras destes nove verbetes “discorrem sobre os elementos e conceitos essenciais a uma estrutura que permita garantir a compreensão da razão das práticas pastorais na Escola Católica em interação com a dimensão pedagógica visando a formação integral do ser humano” (p. 145).

4) Práticas pastorais (p. 225-327), esta unidade coloca em relevo: 1) Carisma e Pastoral Escolar (p. 231-235); 2) Espiritualidade pastoral (p. 236-242); 3) Mediação e Pastoral Escolar (p. 243-251); 4) Liturgia e música na Pastoral Escolar (p. 252-258); 5) Sagrada Escritura e Pastoral Escolar (p. 259-268); 6) Inteligência espiritual (p. 269-281); 7) Projeto de vida (p. 282-299); 8) Gestão com espiritualidade (p. 300-308); 9) Planejamento e estruturação pastoral (p. 309-319); 10) Formação de agente de pastoral: experiências brasileiras (p. 320-327). Esclarece-se que “creditar à Pastoral Escolar um caráter carismático, e por isso mesmo identitário da escola confessional, admitindo que sua espiritualidade inunda todas as práticas e processos, não significa ignorar a necessidade de expedientes organizados, que sejam explicitamente pastorais. Tanto a gestão precisa ser exercida em autêntico espírito pastoral, quanto à pastoral, enquanto setor e serviço, precisa ser gerida e planejada” (p. 229-230).

5) Comunidade escolar (p. 329-417), tendo-se em conta que “cada unidade escolar tem sua organização e sua composição, tem uma filosofia e um carisma” (p. 331), este bloco aborda: 1) Grupo de adolescentes e jovens (p. 340-345); 2) Voluntariado estudantil (p. 346-358); 3) Educadores: professores e funcionários (p. 359-362); 4) Famílias (p. 363-368); 5) Comunidade paroquial (p. 369-374); 6) Ecumenismo e diálogo inter-religioso (p. 375-385); 7) Pastoral Escolar e discernimento vocacional (p. 387-394); 8) Pastoral Universitária (p. 395-398); 9) Relação da Pastoral Escolar com a universidade (p. 399-407); 10) Capelania escolar nas escolas evangélicas (p. 408-417).

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Sobre as escolas católicas de educação básica, o texto-base da Campanha da Fraternidade 2022, nos números 90 a 95, dentre outros aspectos destaca que “estas se inserem na missão salvífica da Igreja e especialmente na exigência da educação na fé”. Enquanto comunidade educativa “são lugares de encontro, de educação integral da pessoa humana por meio do projeto pedagógico que tem seu fundamento em Cristo orientando para realizar uma síntese entre fé, cultura e vida”. Por sua vez, “Pastoral Escolar é um termo bastante utilizado entre as escolas confessionais católicas” (p. 95). Tenha-se em conta que a Pastoral Escolar “como elemento orgânico das escolas só tem razão de existir naquelas escolas que são confessionais” (p. 96).

Neste sentido, cada verbete deste Compêndio, como um empreendimento científico coletivo, com a perspectiva e pontos de vista de cada autor e autora em muitos aspectos contribui para a qualificação da Pastoral Escolar. A este respeito vale citar as palavras que Dom João Justino de Medeiros Silva, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da CNBB escreveu no Prefácio (p. 21-23): “cada verbete do Compêndio há de ser lido no contexto das conquistas e dos desafios que marcam a educação na contemporaneidade. Sabe-se que um compêndio é datado quando da sua publicação, mas ele não estabelece um ponto-final, não fecha a reflexão. Antes, nesse caso, deixa abertas possibilidades para que continue a ser escrito por tantos outros que descobrirão novos caminhos para a Pastoral Escolar” (p. 22-23). Deverá, portanto, “estar não apenas nas bibliotecas das escolas e universidade católicas, as haverá de ser referência para todo educador que abraçou a relação ensino-aprendizado como trabalho e serviço à construção de uma sociedade justa e solidária, fraterna e inclusiva” (p. 21).

Um excelente instrumento para todos/as aqueles/as que estão à frente da Pastoral Escolar. Este Compêndio que soma abordagens distintas é um convite para “otimizar a Pastoral Escolar na educação básica da escola católica” (p. 23), na “certeza de que este Compêndio de Pastoral Escolar vai ajudar a despertar em nós uma visão mais integral da Educação e permitir um serviço mais qualificado à fraternidade humana nas escolas católicas” (p. 28). Por fim, “parabenizamos os autores que redigiram os conteúdos deste Compêndio, oferecendo reflexões que embasam e inspiram as ações educativo-evangelizadoras e evangelizadora-educativas na Escola Católica que se quer em pastoral” (p. 151).

Referência

JUNQUEIRA; Sérgio Rogério Azevedo; LEAL, Valéria Andrade; RIAL, Gregory (Orgs.). Compêndio de Pastoral Escolar para a Educação Básica na Escola Católica. Brasília: Edições CNBB; Petrópolis: Vozes, 2021, 424 p. ISBN 9786557133477 (Vozes); 9786559750559 (Edições CNBB).

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