18 Novembro 2021
A meta, até 2030, foi uma das promessas do País durante a Cúpula do Clima, mas é vista com bastante desconfiança.
A reportagem é de Alex Gomes e Ocimara Balmant, publicada por O Estado de S. Paulo, 18-11-2021.
Uma gota de otimismo em um oceano de ceticismo. Essa é a sensação de muitos especialistas diante das metas relacionadas à emissão de gases divulgadas pelo Brasil na COP-26. O País informou a intenção de reduzir pela metade a emissão de gases do efeito estufa até 2030 e zerar a emissão de carbono na atmosfera em 2050.
“Uma coisa é você falar; outra, agir. O que está acontecendo é uma certa desconfiança de todos nós que temos acompanhado tudo o que vem acontecendo em termos de meio ambiente no País”, afirmou Tercio Ambrizzi, que é professor titular do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP, durante evento promovido pelo Estadão.
Na COP de 2019, em Madri, as ações do País foram apontadas como o principal obstáculo para a regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da criação de um mercado internacional de carbono. O objetivo é promover um balanço na emissão de gases, no qual países poderiam ter licença para suas emissões comprando créditos de nações que comprovadamente estão tirando carbono da atmosfera.
Na ocasião, o Brasil defendeu que os créditos vendidos não precisassem ser descontados da prestação de contas sobre o cumprimento das metas climáticas do País. Dessa forma, ocorreria uma “contabilidade dupla”. A proposta foi rechaçada por muitos países, impediu a regulamentação do artigo 6 e fez o Brasil ser considerado um dos vilões da conferência.
Neste ano, o governo decidiu fazer concessões e aceitar o modelo proposto. No relatório final, aprovado no último sábado (13) por líderes de quase 200 nações, ficou, enfim, definida a criação de um sistema internacional para o mercado de carbono – os detalhes dessa operação ainda serão combinados.
Na cúpula, o Brasil também se comprometeu, ao lado de mais de cem países, a reduzir em 30% a emissão de metano até o fim da década, na comparação com 2020. O País é o quinto maior poluidor com metano do globo, atrás de China, Rússia, Índia e EUA. Dessa lista, só os norte-americanos também firmaram o compromisso.
Para dar conta da meta, será necessária uma ação de impacto em uma das principais atividades econômicas do País: a agropecuária. Conforme dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, o ramo foi responsável por mais de 70% das emissões de metano no Brasil entre 1990 e 2019. Desse total, 97% das emissões foram por fermentação entérica, ou o arroto do boi.
Para ler a íntegra da reportagem clique aqui.
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Brasil precisa reduzir pela metade a emissão de gases de efeito estufa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU