27 Setembro 2021
"O resultado desse período de suspensão parece totalmente incerto e não predeterminado: é difícil que os católicos de Colônia voltem a ter confiança no cardeal Woelki como seu pastor - muita água passou sob a ponte de uma relação que nunca foi totalmente cordial de ambos os lados", escreve Marcello Neri, professor da Universidade de Flensburg, na Alemanha, em artigo publicado por Settimana News, 26-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Na última sexta-feira, a Nunciatura Apostólica de Berlim divulgou um breve comunicado no qual se expressam as decisões do Papa Francisco sobre a diocese de Colônia - com base no relatório elaborado pelos dois visitantes apostólicos, o cardeal Arborelius e D. Van den Hende, encarregado pela Santa Sé de realizar uma investigação na diocese alemã depois da grave crise de confiança em relação ao bispo, cardeal R.M. Woelki, e à cúria diocesana após a gestão da publicação de dois relatórios independentes sobre os abusos na Igreja local (o primeiro não publicado por motivos - essa a explicação oficial - de possíveis ações legais que poderiam ter movido as pessoas envolvidas no relatório; e, depois, disponibilizados somente para leitura após a publicação do segundo e substitutivo relatório).
Os dois bispos auxiliares, que renunciaram imediatamente após a publicação do segundo relatório de investigação independente, D. Puff e Schwaderlapp, foram confirmados no cargo (ao segundo, a seu pedido, foi concedido um ano de experiência pastoral missionária no Quênia). O mesmo destino, em parte, para o cardeal Woelki - que permanece no comando da maior e mais rica diocese alemã, pois nenhuma prova foi encontrada de que ele intencionalmente tenha obstruído os procedimentos ligados às denúncias de abusos em sua igreja local, nem ocultado documentos ou indevidamente protegidos autores do crime pertencentes à sua diocese.
No entanto, o comunicado da Nunciatura afirma que o cardeal Woelki cometeu erros graves na comunicação pública a respeito dos dois relatórios de investigação independentes - aos quais se acrescenta, não mencionado no texto do Vaticano, uma gestão pelo menos ambígua em relação ao Comitê Consultivo das vítimas da diocese quando se tratou de justificar a não publicação do primeiro relatório.
Esses erros levaram a uma grave crise de confiança entre o bispo e a diocese - uma crise que exige um tempo para reflexão, elaboração e eventual reconciliação de ambos os lados. Por isso, o cardeal Woelki é convidado a um período de retiro, longe da diocese, que vai de meados de outubro deste ano até o início da Quaresma de 2022. Nesse ínterim, todas as funções de direção da diocese de Colônia são assumidas integralmente pelo bispo auxiliar D. R. Steinhäuser.
Em particular, este último terá a incumbência de guiar, dentro da diocese alemã, aquele processo de reconciliação sem o qual parece impossível superar a crise de confiança não apenas em relação ao card. Woelki, mas também das instituições que guiam a diocese.
O resultado desse período de suspensão parece totalmente incerto e não predeterminado: é difícil que os católicos de Colônia voltem a ter confiança no cardeal Woelki como seu pastor - muita água passou sob a ponte de uma relação que nunca foi totalmente cordial de ambos os lados. Além disso, Woelki em nível midiático se tornou o alvo sobre o qual se concentram todos os ataques e as irritações contra a Igreja alemã. Para isso certamente contribuíram o seu carácter, a sua forma de se colocar e de compreender o ministério episcopal. Também são poucos os colegas bispos que o estimam em nível pessoal – a situação é diferentes no plano ideológico, no que diz respeito a um posicionamento em fricção com a trajetória do Papa Francisco (aqui ele tem alguns "amigos").
A impossibilidade de governar a diocese sob a direção de Woelki é um fato, e alguns meses não serão suficientes para reverter a situação. E não se trata apenas da comunicação ou dos abusos, mas de forma mais ampla da pastoral como um todo e do modo de ser bispo.
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Woelki: parada no box - Instituto Humanitas Unisinos - IHU