09 Agosto 2021
"Entidades ligadas aos povos indígenas e ao combate ao feminicídio cobram das autoridades apuração imediata do caso." A reportagem é escrita por Marco Weissheimer, jornalista, e publicada por Sul21, 06-08-2021.
A morte da adolescente kaingang Daiane Griá Sales, de 14 anos, encontrada, quarta-feira (4), em uma lavoura próxima a um mato, na Terra Indígena do Guarita, região noroeste do RS, nua, e com as partes do corpo da cintura para baixo arrancadas e dilaceradas, provocou a manifestação de indignação de diversas entidades que cobram das autoridades a imediata apuração do caso.
A regional Sul do Conselho Indigenista Missionário (Cimi Sul) divulgou nota manifestando indignação diante do cruel assassinato de Daiane Griá Sales e destacando que “a violência que se pratica contra indígenas se intensifica na medida em que se proliferam os discursos de ódio e intolerância contra os povos em âmbito nacional”. Lamentavelmente os jovens, especialmente meninas, têm sido vítimas preferenciais de homens perversos, assassinos e estupradores. Exige -se justiça e medidas de proteção aos territórios e aos direitos dos povos indígenas”, diz a nota.
O Cimi Sul cobra ainda que a Funai e os órgãos de investigação Federal promovam ações no sentido de coibir as violências e responsabilizarem os agressores e criminosos, bem como averiguarem e ou identificarem, se os crimes estão vinculados a intolerância e o racismo contra os povos indígenas.
A Campanha Levante Feminista contra o Feminicídio no RS, que implementa a campanha Nem Pense em Me Matar, divulgou nota denunciando a impunidade que acompanha os feminicídios no Estado e exigindo a apuração da morte de Daiane com a identificação dos responsáveis. “Precisamos nos levantar, elevar nossas vozes e indignação, para exigir que este crime seja apurado e seus responsáveis identificados. A impunidade e a normalização das mortes das mulheres está transformando tragédias em fatos comuns de nossas vidas”, afirma a nota.
A Ong Feminista Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas (GAMP) e a Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos se manifestaram no mesmo sentido, exigindo a apuração do caso.
A Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) também protestou contra o crime de barbárie cometido contra a jovem kaingang, lembrando que o assassinato de indígenas virou um caso cotidiano no Brasil. “Parece que não é suficiente matar. O requinte de crueldade é o que dilacera nossa alma, assim como literalmente dilaceraram o jovem corpo de Daiane, de apenas 14 anos. Esquartejam corpos jovens, de mulheres, de povos. A violência cometida a nós, mulheres indígenas, desde a invasão do Brasil é uma fria tentativa de nos exterminar, com crimes hediondos que sangram nossa alma”, diz a entidade.
O Conselho Estadual dos Povos Indígenas de Santa Catarina foi outra entidade a se manifestar por meio de nota denunciando o crime de barbárie cometido contra Daiane e exigindo providências imediatas das autoridades. “É urgente a intervenção do Ministério da Justiça em defesa da vida e da garantia dos direitos dos povos originários deste país, inclusive com a apuração dos fatos e a punição dos autores do assassinato de Daiane Griá Sales”, defende o CEPIn/SC.
A Secretaria de Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e Assistência Social do RS divulgou uma nota de pesar e indignação pela morte de Daiane. “O caso estarrecedor da menina Daiane expõe o quão necessário e urgente é fomentar as políticas públicas protetivas e transversais para essa população que vem sofrendo de forma constante violências de todos os tipos em todo o território brasileiro”, afirma o órgão do governo gaúcho. A Secretaria afirma que está acompanhando as investigações que “estão sendo conduzidas com absoluta prioridade pelas forças policiais do Estado, a fim de elucidar qualquer hipótese que possa ter ocasionado esse fato”.
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Entidades cobram apuração da morte de menina kaingang. Secretaria promete ‘absoluta prioridade’ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU