25 Junho 2021
Bispos católicos nos Estados Unidos aprovaram com maioria esmagadora a redação de um documento sobre a Eucaristia, uma proposta feita originalmente pelo grupo de trabalho que os bispos estabeleceram para confrontar a prospectiva de um presidente católico, Joe Biden, não apoiar a criminalização do aborto.
Os 168 votos a favor, e 55 contrários, vieram depois de quatro horas de debate que mostrou bispos profundamente divididos na questão.
A reportagem é de Michael Sean Winters, publicada por The Tablet, 18-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A reunião da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos começou com o presidente da conferência, o arcebispo José Gomez, de Los Angeles, lendo uma carta que havia recebido do arcebispo Augustine Di Noia, secretário adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé.
Gomez deu a entender que a carta indicava aprovação da proposta, mas Di Noia insistiu que a carta era meramente uma accusa di ricevuto – uma carta acusando o recebimento de materiais, e não expressou nenhuma opinião sobre o assunto.
“Nunca uma carta de tão pouca importância recebeu tanta atenção imerecida”, disse Di Noia a Cindy Wooden, do Catholic News Service. “Quando ouvimos sobre o furor, procuramos por toda parte uma carta com minha assinatura que poderia ter criado tanta agitação. Finalmente, no final da tarde, percebemos que eles estavam falando sobre uma accusa di ricevuto, que então localizamos no arquivo apropriado”.
Ele acrescentou: “Seria útil se vocês explicassem o caráter absolutamente rotineiro de tais comunicações”.
O prefeito da CDF, cardeal Luis Ladaria, havia escrito anteriormente a Gomez, pedindo à conferência para não embarcar no documento proposto a menos que fosse considerado que iria construir a unidade da conferência, e pedindo um “diálogo amplo e sereno”.
O arcebispo de St. Louis, Mitchell Rozanski, então propôs que fosse reservado tempo suficiente para debater a proposta, de modo que cada bispo pudesse falar sobre o assunto, quanto desejasse.
O arcebispo Joseph Naumann, presidente do Comitê de Atividades Pró-Vida e um dos líderes do esforço para negar a comunhão ao presidente, pediu para serem reconhecidas e questionadas as razões de Rozanski, acusando-o de “tática obstrutiva”.
O arcebispo Paul Coakley, de Oklahoma City, concordou, acusando Rozanski de querer “obstruir” a proposta. Gomez, que presidiu a reunião, não interveio para advertir os bispos contra questionar os motivos uns dos outros, algo raramente feito em uma reunião episcopal e sempre solicitando uma reprimenda da mesa.
No dia seguinte, Gomez e o presidente do comitê de doutrina, o bispo Kevin Rhoades, garantiram aos bispos que o documento não seria político em seu foco, mas vários outros bispos expressaram o desejo de que políticos como Biden sejam o alvo. “Não foram os bispos que nos trouxeram a este ponto, são realmente, eu acho, alguns de nossos funcionários públicos”, disse Naumann.
Os cardeais Blase Cupich de Chicago, Wilton Gregory de Washington e Joseph Tobin de Newark estavam entre os que instaram a conferência a votar contra o prosseguimento da questão divisiva.
“A proposta, que temos diante de nós, apresenta-nos uma escolha marcante e histórica”, disse Tobin. “Votar afirmativamente produzirá um documento, não uma unidade. Votar contra nos permitirá trabalhar juntos no diálogo para forjar um amplo acordo sobre as questões sérias embutidas na questão do valor da eucaristia”.
O comitê de doutrina apresentará um projeto de documento a todo o corpo na reunião plenária de novembro. Um documento didático precisará do apoio de dois terços dos votos dos bispos e da aprovação da Santa Sé para entrar em vigor.
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EUA. Bispos prosseguem com a negação da comunhão a Biden - Instituto Humanitas Unisinos - IHU