EUA. A maioria conservadora do episcopado aprova a redação de um documento sobre comunhão – mas não poderá proibir Biden

Foto: Giada Aquilino | Vatican News

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21 Junho 2021

 

Os bispos católicos dos Estados Unidos concordaram em redigir um documento sobre a comunhão que alguns deles queriam que servisse para censurar os políticos católicos que apoiam o direito ao aborto, como é o caso do presidente do país, Joe Biden.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 19-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Por 168 votos a favor e 55 contra, além de seis abstenções, os membros da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, em inglês) aprovaram a redação desse polêmico comunicado, que oficialmente estará centrado no “significado da eucaristia na vida da Igreja”.

Por trás dessa iniciativa se esconde a campanha de um grupo de bispos conservadores incomodados com o fato de que Biden, o primeiro católico a ocupar a Sala Oval em seis décadas, seja também um defensor do direito ao aborto.

Inicialmente, a proposta buscava chegar ao extremo de proibir a comunhão a políticos como Biden por sua postura sobre o aborto, porém seus impulsores acabaram recuando depois que o Vaticano os urgiu a baixar a temperatura do debate.

Durante um longo e tenso debate na quinta-feira, durante a reunião virtual anual da USCCB, os promotores da medida insistiram que seu plano não eliminaria o direito a receber a comunhão a Biden ou outros políticos católicos que apoiam a livre decisão sobe a interrupção da gravidez.

No entanto, o documento ainda está por ser redigido, e vários no episcopado pediram na quinta-feira para tomar alguma medida “contra um presidente católico que se opõe aos ensinamentos da Igreja”, nas palavras do bispo de Baker, Liam Gary.

Uma vez redigido o documento, seus impulsores necessitariam do apoio de dois terços dos bispos do país e a luz verde do Vaticano para ratificar o comunicado final, uma margem nada fácil de alcançar.

Inclusive se esse comunicado tentasse proibir Biden do direito à comunhão, o arcebispo de Washington teria o poder de decidir se implementa ou não esse veto, e já deixou claro que não fará.

Questionado nesta sexta-feira sobre a decisão dos bispos, Biden não se mostrou preocupado com o tema.

“Esse é um assunto privado, e não creio que isso (vetar seu direito à comunhão) ocorra”, afirmou o presidente em resposta à pergunta de uma jornalista na Casa Branca.

Biden, que vai à missa todos os domingos, já teve a comunhão negada em 2019, devido a sua posição política. Desde então, sua equipe se dedica a assegurar que, quando viajar, não vá a uma igreja que possa impedir seu acesso ao sacramento.

O debate sobre o tema na conferência dos bispos reflete o grau que chegou a polarização nos Estados Unidos pelo direito a abortar, garantido no país desde 1973, porém transformado em cavalo de batalha pelos conservadores e alguns grupos religiosos nas últimas décadas.

 

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