16 Junho 2021
A comunidade monástica fundada pelo jesuíta romano, que desapareceu em Raqqa em 2013, elegeu frei Jihad Youssef como o novo abade. Seu relato à AsiaNews: “O povo sírio está cansado da guerra, dividido e abandonado pela comunidade internacional, que aliás o oprime com o embargo. Sofre pela ausência de uma visão de um futuro livre de ressentimentos cruzados”.
Uma "reflexão abrangente sobre as atividades e perspectivas da Comunidade na era pós-Covid e sobre as formas de manter vivo o carisma do nosso fundador, Padre Paolo Dall'Oglio". Assim, frei Jihad Youssef resume o conteúdo do Capítulo Geral que, nas últimas semanas, o elegeu como novo abade do mosteiro de Mar Musa, na Síria, e da comunidade monástica de Ibrahim al-Khalil (Abraão, o Amigo de Deus), também presente em Cori (Latina - Itália) e Sulaymaniyah, no Curdistão iraquiano.
O monge sírio, que substitui a irmã Houda Fadoul, está entre os companheiros de longa data do jesuíta romano que em 1982 re-fundou a antiga estrutura de Deir Mar Musa el-Habashi (mosteiro de São Moisés, o Abissínio) perto da cidade de Nebek, cerca de oitenta quilômetros ao norte de Damasco. Em 1991, ele criou uma comunidade ecumênica mista dedicada ao diálogo com o Islã, que hoje reúne oito monges e freiras e um noviço. Expulso pelo regime sírio em 2012, pe. Dall'Oglio foi sequestrado em Raqqa no verão de 2013 e seu destino permanece desconhecido.
A entrevista é de Chiara Zappa, publicada por AsiaNews, 15-06-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Frei Jihad, quais são as atividades que estão promovendo hoje na Síria?
No mosteiro de Mar Musa continua o pequeno projeto para salvaguarda a biodiversidade do vale, que inclui um cultivo de oliveiras e um viveiro em que alguns agrônomos realizaram experiências e pesquisas. O acolhimento, que é um dos nossos pilares junto com a oração e o trabalho manual, infelizmente está suspenso desde março de 2020 devido à pandemia do coronavírus. Durante o Capítulo, entretanto, discutimos os tempos e maneiras de reabrir as portas aos peregrinos.
Mapa da Síria. (Fonte: Wikimedia Commons)
Na cidade de Nebek, além de manter a escola de música para jovens e o jardim de infância para as crianças, devido às consequências da guerra, tivemos que nos dedicar a inúmeras iniciativas de ajuda humanitária, especialmente para custear as despesas médicas das famílias mais carentes. Também cuidamos dos deslocados de Qarytayn, onde ficava nosso mosteiro de Mar Elian, destruído pelos islamistas em 2015, e dos pobres na região de Homs, enquanto o apoio aos estudantes universitários continua: cerca de quarenta frequentam cursos na Itália e trinta aqui na Síria.
Como é a vida na Síria hoje?
O povo está cansado da guerra, dividido e abandonado pela comunidade internacional, que aliás o oprime com sanções e o embargo; é refém da corrupção generalizada e da desconfiança em relação às instituições. Sofre de fome, pobreza, falta de trabalho e falta de visão de um futuro livre do ódio e dos ressentimentos cruzados.
Por outro lado, qual é o empenho de sua comunidade no Curdistão iraquiano e em Cori, na Itália?
Em Sulaymaniyah, no mosteiro da Bem-Aventurada Virgem Maria, estamos restaurando a igreja. Para nós, ir nos lugares de oração a reconstruir é uma vocação. Lá, além de várias iniciativas de apoio aos pobres, realizamos um projeto cultural muito amplo e articulado também a serviço dos deslocados de várias áreas do Iraque, que inclui aulas de línguas (árabe, curdo e inglês), pintura, literatura e uma escola de teatro. E, além disso, cursos de costura e artesanato, atividades de formação para educadores, catecismo, jogos e atividades extracurriculares para crianças, especialmente refugiados, cursos de alfabetização e intervenções de aconselhamento. Os monges e freiras empenhados nos estudos vivem em Cori. Também aqui está em fase bem adiantada a restauração da igreja, danificada durante a Segunda Guerra Mundial.
Quais foram os outros temas centrais do seu capítulo?
Refletimos sobre muitos aspectos de nossa vida espiritual e comunitária, como a importância do silêncio meditativo em diálogo com o estilo sufi, mas também do encontro semanal de compartilhamento. Também nos concentramos em como levar adiante o carisma confiado pelo Senhor a pe. Paolo. Uma das orientações mais importantes que surgiram diz respeito ao papel central dos leigos, tanto na Igreja como na nossa comunidade: queremos, portanto, encontrar uma forma de nos expandir, como a tenda da profecia de Isaías.
Padre Paolo Dall'Oglio. (Foto: Wikimedia Commons)
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Mar Musa: assim continuamos a obra do pe. Dall'Oglio. Entrevista com Jihad Youssef - Instituto Humanitas Unisinos - IHU