10 Junho 2021
O líder da Igreja Batista de Água Branca (IBAB), pastor Ed René Kivitz, defendeu uma revisão da Bíblia, uma atualização de alguns textos, encará-la como um livro insuficiente, que precisa ser relido, “ressignificado para que os princípios de vida que esse livro encerra, e que essa revelação encerra, saltem dessas páginas promovendo libertação e justiça e relações de amor no nosso mundo”.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Em postagem no Twiter, Kivitz escreveu que “os fundamentalistas insistem que a Bíblia é inerrante nas legislações que contém; alguns de nós entendem que ela é inerrante quando informa que a boa nova é que a verdade se fez Bíblia, mas que o Verbo se fez carne.”
Um dos temas que careceriam revisão, segundo o pastor batista, refere-se à sexualidade humana. “Vamos ter que fazer essa atualização e ter a coragem de enfrentar os pecados de gênero de nossa sociedade. De enfrentar a questão da homossexualidade, da homoafetividade e dos gays que frequentam as nossas comunidade, estão dentro das nossas comunidades, mas continuam sendo condenados ao inferno por causa de dois ou três textos bíblicos que não foram atualizados”.
Fundamentalistas não demoraram a reagir. O pastor da Igreja Cristã da Aliança em Niterói (RJ), Renato Vargens, afirmou que, ao negar a inspiração das Escrituras, Rene Kivitz “peca contra Deus e sua Palavra”. Vargens assegura que, “sem a menor sombra de dúvidas”, todo o conteúdo das Escrituras “foi inspirado pelo Senhor, e nos dá a plena convicção de que não existe nenhum equívoco em denominar a Bíblia como ‘a Palavra do Senhor’”.
As Escrituras Sagradas, reafirmou, é o único modo de se conhecer Deus. “A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, ela é o padrão pelo qual todo o comportamento cristão deve ser avaliado. Nenhum credo, concílio ou indivíduo tem o poder de constranger a consciência do crente em Jesus contrariando aquilo que está exposto na Bíblia”, frisou Vargens.
Também o presidente do conselho da Coalizão Pelo Evangelho e diretor do Seminário Martin Brucer, pastor Franklin Ferreira, manifestou-se a respeito. “Os cristãos progressistas se submetem a uma ideia, não à revelação. Por isso, não podem ser considerados evangélicos. São mais próximos do gnosticismo do que do cristianismo. Portanto, devem ser caracterizados como ‘cavalos de Troia’ dentro da igreja cristã”, apontou. Cristãos progressistas “dizem que admiram Martin Luther King, mas agem como Malcolm X”, comparou.
Para Kivitz, “não dá para a gente pegar um texto que foi escrito quatro mil anos antes, três mil anos, dois mil anos antes e trazer para hoje aplicando literalmente o que esse texto está trazendo, sem perceber que nas suas linhas a Bíblia é insuficiente, mas nas suas entrelinhas, a respeito da revelação que traz do Cristo ressurreto, a Bíblia explode promovendo uma grande revolução e uma grande transformação no mundo.”
Sem essa atualização, é possível, com a leitura literal da Bíblia, justificar a escravidão ou legitimar o machismo, dizendo que o marido é o cabeça da mulher e a mulher tem que ser submissa ao marido. “A ética bíblica reflete uma estrutura de sociedade daquele tempo, daquele mundo, daquela época”, que não, pode, pois, ser parâmetro para os dias atuais, defendeu.
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A Bíblia precisa ser ressignificada, defende pastor - Instituto Humanitas Unisinos - IHU