17 Dezembro 2020
"Acreditamos que o novo bispo esteja sendo chamado para ser um "timoneiro" para indicar e guiar o caminho das populações desta extensa conturbação napolitana e diocesana, por exigências evidentes de "descontinuidade" por parte da própria administração religiosa", escrevem leigos e leigas cristãs, em carta aberta ao novo bispo Battaglia, publicada por La Repubblica, 15-12-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Depois de uma longa espera, no sábado, 12 de dezembro, o toque dos sinos da diocese anunciou que o Papa Francisco nomeou bispo da diocese napolitana o bergogliano P. Mimmo Battaglia da diocese de Cerreto Sannita em Campânia. Consideramos bastante significativa a nomeação do bispo da diocese napolitana, chamado a indicar e guiar o caminho aos fiéis neste mar da religião ambiental ou prevalente "religião de igreja", segundo uma categoria sociológica, para iniciar uma "prática da fé cristã" para além daquela local, muitas vezes marcada pelo culto e pelo devocionismo tranquilizador, como se pode ver também na sua primeira mensagem aos fiéis da diocese. Trata-se de marcar uma passagem de um “catolicismo meridional” para um “cristianismo meridional” digno da melhor tradição histórica de santos e fiéis educados segundo as indicações do Concílio Vaticano II e de renovação da vida cristã segundo o magistério pastoral do Papa Francisco.
Essa mudança não é um acontecimento ordinário no contexto da emergência sanitária para o Covid-19 e social, pelas consequências sobre o futuro incerto para a vida de tantas famílias na cidade e no interior napolitano em relação às necessidades de retomada econômica e reconstituição das relações sociais pelo lockdown necessário para evitar a propagação do contágio. Acreditamos que o novo bispo esteja sendo chamado para ser um "timoneiro" para indicar e guiar o caminho das populações desta extensa conturbação napolitana e diocesana, por exigências evidentes de "descontinuidade" por parte da própria administração religiosa.
Sob este aspecto, temos três ou quatro propostas a apresentar por parte de um laicato cristão adulto.
Em primeiro lugar, trazer o laicato cristão adulto de volta ao centro da vida da Igreja segundo a categoria de "povo de Deus" elaborada pelo Concílio Vaticano II, obscurecida pela visibilidade transbordante por parte das próprias mídias do padre homem celebrante em solidão em vídeo ou na igreja, e por um curto-circuito entre Igreja e sacerdote na mesma mentalidade de fiéis pouco aculturados.
Por definição, a "igreja" é uma assembleia ou ágora de fiéis para a celebração dos mistérios da fé, a cujo serviço está o sacerdote numa visão circular dos participantes na própria celebração da Ceia do Senhor.
Em segundo lugar, nesta visão comunal e circular da comunidade cristã, a "promoção da mulher" tem uma explicação e significado tanto nas responsabilidades funcionais da instituição eclesiástica quanto nas práticas do próprio culto cristão, - isto é, de mulheres no altar revestidas de diaconato e/ou sacerdócio -, que não é opcional, embora seja uma meta ainda a ser implementada.
É uma "batalha de civilidade" não separada daquela na sociedade.
Em terceiro lugar, evidencia-se por fim que é necessária uma formação permanente do próprio clero diocesano para se ter as ferramentas para enfrentar os desafios do mundo pós-moderno com "uma igreja em saída", conforme solicitado pelo Papa Francisco. E deixar o lugar que cabe aos leigos e às mulheres de acordo com sua vocação no mundo e na igreja. Por último, caro bispo, deixe os palácios aristocráticos da Arquidiocese na Piazza DonnaRegina, a não ser para as necessidades de ofício, e procure uma residência adequada às suas exigências e peça que o chamem de "Padre", como os próprios sacerdotes muitas vezes são chamados em Nápoles.
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Nápoles, carta aberta ao novo bispo Battaglia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU