13 Outubro 2020
O padre jesuíta há cerca de 50 anos está engajado na defesa dos direitos florestais dos Adivasi no Jharkhand. Durante meses ele foi interrogado e confrontado com provas manipuladas. “Este é um ataque contra os pobres”. Sob o governo do BJP (nacionalista hindu), o pe. Swamy também foi acusado de sedição.
A reportagem é de Nirmala Carvalho, publicada por AsiaNews, 09-10-2020.
O padre jesuíta Stan Swarmy, 83, é a pessoa mais idosa a ser acusada de terrorismo. Ontem à noite, no Jharkhand, o sacerdote ativista e defensor dos direitos tribais foi detido pelas forças de segurança (Agência Nacional de Investigação, Nia) e transferido para a prisão do centro social onde vive, Bagaicha, dirigido pelos jesuítas.
Um colega do campo relata que os funcionários da NIA foram “rudes e arrogantes; eles não apresentaram qualquer mandato. Disseram que o padre havia sido acusado e que um oficial superior queria conversar com ele no escritório da Nia em Ranchi”. No momento não se sabe onde o padre está sendo detido.
O pe. Swamy não é novo a interrogatórios. Ainda ontem, ele divulgou um comunicado em que afirma já ter sido interrogado por um total de 15 horas e por cinco dias consecutivos, de 27 a 30 de julho e em 6 de agosto. O oficial de interrogatório mostrou-lhe informações aparentemente retiradas de seu computador que mostravam sua conexão com "forças maoístas".
Pe. Swamy explica: "Eu disse a eles que aquele material são invenções puras secretamente inseridas em meu computador e não o reconheço como meu".
O pe. Michael Kerketta, também jesuíta, teólogo indiano e professor do Centro Teológico Regional de Ranchi, relata à AsiaNews: “Conheço pessoalmente o pe. Stan Swamy. É uma pessoa muito comprometida com os mais pobres dos pobres, com os tribais, os marginalizados, pela dignidade e pelos direitos humanos. O que acontece é lamentável, é um ataque contra os pobres. Estamos muito preocupados com a sua saúde”.
O pe. Swamy, sendo um homem idoso, sofre algumas dificuldades. Natural de Kerala, ele passou quase 50 anos na região tribal de Jharkhand trabalhando pelos direitos florestais da comunidade Adivasi. Ele criticou os excessos de violência da polícia e do governo, que não conseguiu fazer cumprir a lei de defesa dos tribais. Ele defende os jovens Adivasi que estão sendo indiscriminadamente presos.
Com o governo do BJP (nacionalista hindu) em Jharkhand, Swamy e vários de seus colegas foram acusados de sedição, mas as acusações foram retiradas depois que Hemant Soren do Jharkhand Mukti Morcha chegou ao poder.
Para o advogado Mihir Desai, a presente denúncia de terrorismo remonta a uma reunião pública em Pune, realizada em 31 de dezembro de 2017 na qual - segundo a polícia e o NIA - pe. Swamy fez discursos inflamados, que levaram a violências no Maharashtra. Disso resulta a acusação de ligações com os maoístas.
“Condenamos veementemente a prisão de pe. Stan Swamy”, declarou à Asianews o pe. George Pattery, ex-superior jesuíta da província do Sul da Ásia. “É algo muito desagradável e é uma forma ilegal e intolerável de fazer as coisas. Não podemos aceitar uma prisão sem nenhum mandado”.
Jairam Ramesh, parlamentar do Congresso pelo Karnataka, define o incidente como "ultrajante". "Conheço o pe. Swamy - acrescenta ele - e estou bem ciente de seu trabalho entre os Adivasi. Esta é a tática típica do primeiro-ministro Modi, espancar e intimidar os ativistas sociais. Tudo isso é atroz!”.
O vídeo com um relato do Pe. Swamy, em inglês, pode ser visto aqui:
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Pe. Stan Swamy, jesuíta, 83, ativista pró-tribais, preso por 'terrorismo maoísta' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU