04 Agosto 2020
Na variegada rede de clericais de direita a violência verbal contra os "sodomitas" e "a ideologia satanista LGBT", infelizmente, é uma característica do dia-a-dia ou quase. Mas com a confirmação em meados de julho da presidência católica-soberanista de Andrzej Duda na Polônia, foi-se muito mais longe. A ponto de invocar a liberdade de fogueira contra os homossexuais. Em 29 de julho, de fato, apareceu um post no mínimo aberrante sobre a missa em latim, em um dos sites de referência dos tradicionalistas italianos.
O comentário é de Fabrizio D'Esposito, publicado por Il Fatto Quotidiano, 03-08-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Até ontem, o post estava na home page e ninguém o removeu. Este é texto delirante e mal escrito: “Depois da boa notícia do Presidente Duda que, depois de vencer o segundo mandato para a Presidência da Polônia, ajoelhou-se diante da Nossa Senhora de Czestochowa como ato de agradecimento, hoje propomos outra boa notícia do terra de São Estanislau: um arco-íris colocado (pelo movimento LGBT polonês) em frente à catedral de uma cidade polonesa, depois de algumas horas foi queimado pelos cidadãos, indignados e descontentes com esse gesto evidentemente ultrajante e provocativo". Conclusão: “Eles puderam fazer isso porque ainda são livres e não há nenhuma lei liberticida que puna o crime de opinião. E se tivesse acontecido na Itália (onde já se aplica o não-ainda-aprovado #ddlZan)?".
Entenderam? A liberdade de opinião também inclui aquela de queimar o que não agrada e se odeia. E, nesse caso, mais uma vez se coloca no meio o projeto de lei Zan contra a homofobia, verdadeira obsessão do fanatismo fariseu que também detesta a misericórdia do papa Bergoglio. Mas isso não é tudo. O site vende por nova uma notícia de sete anos atrás. Pois foi em 2013 que um arco-íris LGBT feito de flores foi queimado em Varsóvia, na praça Zbawiciela. Foi composto pela artista Julita Wojcik. Mais tarde foi refeito e depois queimado mais cinco vezes, até o arco-íris se tornar um holograma à prova de fogo.
Juntamente com a Hungria de Viktor Orbán, a Polônia nacionalista imbuída de um catolicismo sombrio e sem piedade "é uma esperança e uma luz para toda a Europa", para citar o ex-deputado centrista de Comunhão e Libertação Luca Volontè (aliás processado por um caso de corrupção). Não somente. Em meio da emergência pandêmica, em março passado, o implacável oponente de Francisco, o arcebispo Carlo Maria Viganò, disse em uma entrevista que o Coronavírus foi causado "por sodomia e casamentos gays" e na Polônia atingiu menos pessoas graças ao governo clerical-soberanista, que considera "a ideologia LGBT mais agressiva que o comunismo soviético".
Quem fez essa comparação foi o mesmo presidente Duda, aluno de Jaroslaw Kaczynski, ainda líder de Direito e Justiça (Pis). Nascido em Cracóvia, na cidade de São João Paulo II, Duda encarna ainda mais que Orbán a "esperança luminosa" dos católicos em guerra contra o mundo. Abençoado e mimado pela Igreja polonesa (na noite da segunda-feira pós-eleição, ele foi a Jasna Góra, no santuário da Nossa Senhora Negra de Czestochowa), contudo, foi reeleito com 51% dos votos no segundo turno. Não propriamente uma vitória unânime.
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Homofobia. Os clericais que amam Duda invocam a liberdade de fogueira contra os “sodomitas” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU