Basta de homofobia dentro da Igreja

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28 Novembro 2018

“Sim, infelizmente, há muitos cristãos que não respeitam as pessoas homossexuais. Os mesmos que exibem celibato por toda a vida para as pessoas de orientação homossexual, afirmam sem nenhum constrangimento que os homossexuais não podem ser considerados para o sacerdócio, porque não são capazes de uma vida celibatária”, escreve José María Rodríguez Olaizola, jesuíta e sociólogo, em artigo publicado por Religión Digital, 25-11-2018. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Publiquei um tuíte. Uma só frase: “Basta de homofobia na Igreja”. Imediatamente, deparei-me com um montão de respostas. Algumas, positivas. Outras, bastante negativas.

Entre as negativas, algumas respeitosas com a pessoa, mas que discutiam minha afirmação. “Na Igreja não há homofobia”, diziam alguns.

Outros questionavam como um sacerdote podia afirmar algo assim da Santa Madre Igreja. Por acaso sou um herege, um polemista, um apóstata velado? (sim, de tudo isto li). Depois, também alguém perguntava se por acaso falo por mim mesmo. Havia insultos também, ainda que nisto, como sempre faço diante das faltas de respeito pessoais, prefiro silenciar e bloquear.

Alguns me urgiam a reler o catecismo. Outros diziam que é a Igreja que atende os enfermos de SIDA - obrigado pelo esclarecimento, eu mesmo estive vários anos em um espaço da Cáritas, por várias noites por semana, acompanhando pessoas com HIV nos anos 1990, quando a Igreja era a única instituição que se voltava às pessoas enfermas -. (Por certo, a SIDA não é patrimônio das pessoas homossexuais).

Tudo isso eu sei. E amo a Igreja, da qual me sinto parte. E me alegram passos que vão sendo dados, uma maior sensibilidade, e afirmações como a do último Sínodo dos Jovens, que no documento final insiste em que “Deus ama cada pessoa, e assim faz a Igreja, renovando seu compromisso contra toda discriminação e violência por motivos sexuais”. Mas, na igreja há homofobia.

Isto não é o mesmo que dizer que na Igreja só há homofobia. Porque, efetivamente, na Igreja também há acolhida e respeito. Há pessoas, instituições e grupos que acolhem. Mas, infelizmente, há pessoas que rejeitam e discriminam. Em uma instituição plural como esta, há pessoas que manifestam às pessoas homossexuais atitudes hostis e insultantes, às vezes, sem nem sequer se dar conta.

Alguém me perguntava: “Poderia definir homofobia?”. Para defini-la não é necessário mais do que ler algumas das respostas que recebi. Há quem aproveitou para estabelecer paralelismos, comparando a homossexualidade com o assassinato ou com o roubo. Também há quem voltou ao retrógrado argumento de que homossexualidade é igual a enfermidade. E, é claro, todos aqueles que imediatamente vinculam homossexual com pedófilo.

E ainda debatem se há homofobia dentro da Igreja? Sim, infelizmente, há muito cristãos que não respeitam as pessoas homossexuais. Os mesmos que exibem celibato por toda a vida para as pessoas de orientação homossexual, afirmam sem nenhum constrangimento que os homossexuais não podem ser considerados para o sacerdócio, porque não são capazes de uma vida celibatária. Sério? Não veem certa contradição entre as duas exigências?

Honestamente, sei que as polêmicas podem ser ocasião para os insultos. Mas, também podem ser ocasião para a reflexão tranquila a partir do respeito. Para seguir buscando, em Jesus e em sua Palavra, o que mais possa nos ajudar a compreender o mundo em que vivemos e a nos tratar a partir do amor radical e incondicional que está no coração do Evangelho. Nisso estamos. E ainda que, às vezes, haveria a tentação de se calar e não se envolver em burburinhos, seguimos um Mestre que não teve medo de levantar a voz.

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