14 Mai 2011
Um perfume antigo, com evocações e sons esquecidos, volta a ressoar nas igrejas. Volta a missa em latim para os fiéis que, de agora em diante, a pedirem. Os bispos devem mostrar "generosa acolhida" ao concedê-la àqueles que a solicitarem. E os seminaristas deverão voltar a estudar e a conhecer bem a antiga língua do rito sagrado. Mas os fiéis ultranacionalistas, como os lefebvrianos, não serão admitidos, contrários à legitimidade dos sacramentos celebrados segundo as normas do Concílio Vaticano II. E será a própria Santa Sé que vigiará as novas disposições.
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 14-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Foi o Papa quem o disse, com toda a oficialidade de uma Instrução emitida nesta sexta-feira pela Comissão Pontifícia "Ecclesia Dei", o órgão que é responsável por vigiar a observância e a aplicação do motu proprio Summorum Pontificum, de 2007. As novas disposições entram em vigor imediatamente. Os bispos deverão, portanto, ser hospitaleiros e disponíveis para com os fiéis, e com os padres também, que pedirem para poder celebrar a missa em latim na "forma extraordinária", ou seja, com o missal anterior à reforma litúrgica, como acordado pelo Papa com o motu proprio.
"O pároco ou o reitor de uma igreja, ou o sacerdote responsável por uma igreja – recomenda a instrução –, admita tal celebração, levando todavia em conta as exigências da programação das celebrações".
A Instrução também fixa critérios de idoneidade para o sacerdote: "Deve conhecer suficientemente bem o latim e conhecer o rito a ser celebrado". E para o uso da linguagem "é necessário um conhecimento de base, que permita pronunciar as palavras de modo correto e de entender o seu significado".
Os bispos deverão "prover à formação conveniente", com a possibilidade de, em uma eventual falta de sacerdotes idôneos, se recorrer à colaboração de "sacerdotes dos Institutos erigidos pela Comissão `Ecclesia Dei`".
Mas os fiéis tradicionalistas que quiserem acompanhar a missa em latim, como permitido pelo "motu proprio" de Bento XVI, "não devem apoiar nem pertencer a grupos que se manifestam contrários à validade ou à legitimidade da Santa Missa ou dos Sacramentos celebrados com o rito do Concílio Vaticano II". E devem também "reconhecer o Romano Pontífice como Pastor Supremo da Igreja universal".
Alguns grupos fundamentalistas – incluindo os lefebvrianos – não reconhecem a legitimidade do da missa conciliar e querem celebrar só a missa em latim, pondo em dúvida também a legitimidade da autoridade do papa, por aceitar as reformas do Concílio Vaticano II. Eles serão, portanto, excluídos do rito, sempre que o solicitarem.
Em essência, no que respeita à missa em latim, trata-se da convivência de duas formas da Liturgia Romana, definidas oficialmente como "ordinária e extraordinária": dois usos do único Rito Romano, que devem ser, assim, postos lado a lado.
Será a própria Comissão "Ecclesia Dei", já sob o controle da Congregação para a Doutrina da Fé, isto é, do ex-Santo Ofício, que supervisionará "a aplicação das disposições do motu proprio Summorum Pontificum".
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Missa em latim: um direito dos fiéis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU