13 Mai 2011
 Um único rito romano em duas formas, antiga e moderna. É o remédio de Bento XVI para curar uma desordem litúrgica que chegou "ao limite do suportável". Para quem não confia nisso, foi divulgado um novo documento com instruções.
Um único rito romano em duas formas, antiga e moderna. É o remédio de Bento XVI para curar uma desordem litúrgica que chegou "ao limite do suportável". Para quem não confia nisso, foi divulgado um novo documento com instruções.
A análise é de Sandro Magister, publicada em seu sítio Chiesa, 13-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Para entender o porquê da liberação da missa no rito romano antigo, decidida por Bento XVI com o motu proprio Summorum Pontificum, de 2007, e confirmada com a instrução "Universae Ecclesiae", lançada nesta sexta-feira, o guia mais seguro continua sendo a carta aos bispos com a qual o Papa Joseph Ratzinger acompanhou aquele "motu proprio" [disponível aqui].
Nela, Bento XVI descrevia a situação "no limite do suportável" que ele pretendia curar. Se não apenas os lefebvrianos – cuja vontade de ruptura "encontravam-se a maior profundidade" –, mas também muitas pessoas fiéis ao Concílio Vaticano II "desejavam contudo reaver também a forma, que lhes era cara, da sagrada Liturgia", ou seja, voltar ao antigo missal, o motivo era o seguinte, na opinião do papa:
"Em muitos lugares, se celebrava não se atendo de maneira fiel às prescrições do novo Missal, antes consideravam-se como que autorizados ou até obrigados à criatividade, o que levou frequentemente a deformações da Liturgia no limite do suportável. Falo por experiência, porque também eu vivi aquele período com todas as suas expectativas e confusões. E vi como foram profundamente feridas, pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas que estavam totalmente radicadas na fé da Igreja".
A opinião de Bento XVI é, ao invés, que "as duas formas do uso do Rito Romano podem enriquecer-se mutuamente". O rito antigo poderá ser integrado por novas festas e novos textos. Enquanto "na celebração da Missa segundo o Missal de Paulo VI, poder-se-á manifestar, de maneira mais intensa do que frequentemente tem acontecido até agora, aquela sacralidade que atrai muitos para o uso antigo".
E isso é justamente o que acontece, sob os olhos de todos, todas as vezes que o Papa Ratzinger celebra a missa: com o rito "moderno", mas com um estilo fiel às riquezas da tradição.
Na instrução Universae Ecclesiae, divulgada nesta sexta-feira, com a data de 30 de abril de 2011, festa de São Pio V, é citada esta outra passagem da carta de Bento XVI em 2007:
"Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial".
E vice-versa – reafirma a instrução no número 19 –, os fiéis que celebram a missa no rito antigo "não devem apoiar nem pertencer a grupos que se manifestam contrários à validade ou à legitimidade da Santa Missa ou dos Sacramentos celebrados na forma ordinária".
 
                         
                         
                        