20 Mai 2020
Jair Bolsonaro, com suas pautas que apregoam a defesa de “uma economia acima de tudo”, conseguiu piorar o que já era ruim.
A reportagem é publicada por Vegazeta, 19-05-2020.
Não dá pra negar que nenhum governo no Brasil realmente foi bom para os animais. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro, com suas pautas que apregoam a defesa de “uma economia acima de tudo”, conseguiu piorar o que era ruim. Bolsonaro já endossou uma crescente lista de práticas que vão contra o bem-estar animal.
Brasil tem hoje um governo que vê vantagem no fortalecimento da caça, que reconhece todos os tipos de rodeios como manifestações culturais (inclusive Bolsonaro sancionou em tom comemorativo a Lei da Vaquejada e o Dia Nacional do Rodeio), incluindo prova de laço, que consiste em perseguir e ferir um bezerro com 40 dias de idade (que sobrevive com traumas e vez ou outra morre na arena).
Determinadas práticas regionalistas jamais poderiam ser assimiladas como patrimônio nacional, já que além de entrarem em conflito com a Lei de Crimes Ambientais são modalidades que fazem parte da realidade de pequena parcela da população se considerada abrangência.
Se fizéssemos um referendo no país, creio que a maior parte da população diria que rodeios não acrescentam nada em suas vidas, e que bani-lo não faria falta. É muito estranho termos um governo com defensores da caça.
Até mesmo um dos ministros, Onyx Lorenzoni, é autor de um PL que fortalece ainda mais a prática, enquanto pesquisas já apontaram que a maior parte da população brasileira é contrária à caça – que hoje é permitida até com o uso de cães e armas brancas.
Jair Bolsonaro também já disse em várias ocasiões que ser contra o uso de animais como entretenimento é “ditadura do politicamente correto”. Ademais, até hoje não demonstrou preocupação com o aumento do número de espécies ameaçadas no país. Na realidade, o atual governo pediu para ocultar a lista de animais aquáticos ameaçados para não prejudicar o setor da pesca.
Bolsonaro não leva a sério mudanças climáticas nem mesmo impacto ambiental. Ele é da opinião de que tanto animais silvestres quanto as populações indígenas podem se adaptar “muito bem” ao agronegócio. Posição também já defendida por Xico Graziano.
Desde 2019, o governo assumiu a “missão” de exportar mais animais vivos para fora do país com fins de abate do que nunca – incluindo novos destinos como Cazaquistão, Vietnã e Laos. Também está se esforçando para despachar muito mais gado em pé para Turquia, Egito, Jordânia, Iraque, Líbano e Irã. Já foi comprovado que exportação de gado vivo é crueldade.
Submeter um animal a viagens com duração média de 21 dias passando pelos mais diferentes tipos de privação para morrer em outro país; isto sem considerar o impacto ambiental do descarte de resíduos na água.
Jair Bolsonaro também já afirmou que o melhor caminho para baixar o preço da carne é “criar mais boi”, ignorando a devastação causada pela agropecuária em relação ao desflorestamento, degradação e subutilização do solo.
Com essa consciência, fez lobby para o Banco do Brasil reduzir juros para o setor e liberar um novo crédito bilionário. Como não reconhecer que este é um péssimo governo para os animais?
O número de habilitação de frigoríficos no país cresce, assim como a liberação da pesca esportiva em áreas de conservação ambiental. Falando em contradição, e a Secretaria dos Animais que defensores dos animais que o apoiam tanto comemoraram? Simplesmente não existe nem vai existir. O governo já confirmou que não será mais criada. Ademais, nunca se fala em sustentabilidade, mas também, como falar em sustentabilidade defendendo tudo que foi citado?
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Governo Bolsonaro consegue ser o pior para os animais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU