06 Fevereiro 2020
Educação e juventude estarão no centro dos planos de implementação do documento inter-religioso lançado pelo papa e pelo imã.
A reportagem é de Nicolas Keraudren, publicada por La Croix International, 05-02-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Faz um ano desde que o Papa Francisco e o Grão Imã de Al-Azhar, Ahmed al-Tayyeb, assinaram o “Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum”. O evento aconteceu em fevereiro de 2019 durante a visita histórica do papa aos Emirados Árabes Unidos. E para marcar o aniversário de um ano do documento, o Comitê Superior da Fraternidade Humana se reuniu, em 3 de fevereiro, na ilha de Saadiyat, em Abu Dhabi.
Esta suntuosa ilha, que já abriga o museu Louvre Abu Dhabi, transformar-se-á também no lar de um ambicioso projeto chamado “Casa da Família Abraâmica” – um complexo multimilionário que inclui uma mesquita, uma igreja e uma sinagoga. Espera-se que a obra seja construída até 2022 e o Comitê Superior ficou como responsável por supervisionar a sua conclusão.
“Este projeto, apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, é emblemático da nossa ação. Nós a apresentamos à Sua Santidade e ao Grão Imã de Al-Azhar em novembro passado”, diz Irina Bokova, ex-diretora-general da Unesco e membro do comitê desde novembro de 2019.
“Além do simbolismo do projeto, o desafio hoje é refletir sobre como podemos preencher este espaço e também dar-lhe vida, com base nas recomendações a partir do documento sobre a Fraternidade Humana. Não estamos tentando criar somente uma atração turística. Este monumento é para todos”, diz Bokova, que leciona no curso de diplomacia cultural do Instituto de Estudos Políticos de Paris.
Segundo ela, a ideia foi concebida porque o documento é “inclusivo, diz respeito a toda a humanidade, aos que creem e aos que não creem”.
A educação deve ser central nesta reflexão. “Ela é de fato uma das prioridades do nosso comitê. Temos pensado sobre como integrar este documento em nossos diferentes sistemas educacionais ao redor do mundo”, acrescenta Bokova.
Nesse sentido, Mohamed Hussein Mahrasawi, reitor da Universidade de al-Azhar e membro do comitê, anunciou que o documento sobre a Fraternidade Humana irá agora ser ensinado aos acadêmicos da instituição islâmica sunita sediada no Cairo, Egito. Aproximadamente 400 mil alunos estão matriculados nela.
Para isso, o Comitê Superior também terá de procurar por parceiros.
“É importante dizer que não somos uma organização. Nós queremos incentivar para que outros sigam a proposta”, disse a professora.
“De fato, isso é bem importante”, confirma o Rabino Bruce Lustig, de Washington.
“Porque não queremos só ensinar sobre a dignidade humana nas universidades, mas também combater o discurso de ódio com as grandes organizações internacionais como as Nações Unidas”, diz Lustig, que também integra o comitê.
“Com certeza vamos propor às Nações Unidas que o dia 4 de fevereiro se torne o Dia Internacional da Tolerância. É importante fazer isso. Mas caberá à Assembleia Geral da ONU decidir”, diz Bokova, que espera poder contar com a própria experiência dentro do sistema da ONU para levar adiante a iniciativa.
O Comitê Superior da Fraternidade Humana foi criado em 11-09-2019. Ele é composto por nove membros e é o responsável pela elaboração do plano de implementação das recomendações listadas no documento sobre a Fraternidade Humana.
Uma de suas iniciativas foi organizar um Fórum sobre a Vozes da Fraternidade Humana, em 4 de fevereiro em Abu Dhabi.
“Quisemos honrar aqueles que tornaram a fraternidade humana uma realidade”, disse Mohamed Mahmoud Abdel Salam, secretário-geral do Comitê Superior e ex-assessor do Grão Imã de Al-Azhar.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Comitê Superior da Fraternidade Humana apresenta a sua estratégia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU