Em novo livro, papa emérito Bento XVI quebra o silêncio para falar sobre o celibato sacerdotal

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13 Janeiro 2020

O papa emérito Bento XVI, que prometeu permanecer em silêncio quando renunciou à liderança da Igreja Católica Romana há sete anos, entrou no debate em curso sobre o celibato sacerdotal com um novo livro defendendo a visão tradicionalista.

O movimento surpresa é visto como uma repreensão ao papa Francisco, que está levantando a possibilidade de uma mudança revolucionária para abrandar o requerimento do celibato para ordenação sacerdotal em alguns países da América do Sul onde a escassez de padres é particularmente alta.

A reportagem é publicada por NPR, 13-01-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

No livro, ainda não publicado, qual o título, traduzido livremente ao português, é “Das profundezas de nossos corações”, Bento e seu coautor, o cardeal originário da Guiné, Robert Sarah, defendem a “necessidade” do celibato no presbiterado. No domingo, o jornal francês Le Figaro publicou alguns excertos.

“O sacerdócio de Jesus Cristo nos leva a entrar em uma vida que consiste em nos tornar um com ele e renunciar a tudo o que apenas pertence a nós”, escreve o papa emérito. “Para os padres, esse é o fundamento da necessidade do celibato, mas também da oração litúrgica, meditação na Palavra de Deus e renúncia a bens materiais”.

Um homem casado está inteiramente devotado a sua família e “servir ao Senhor” requer um grau similar de devoção, “não parece possível carregar as duas vocações simultaneamente”, porque o celibato “torna-se um critério para o ministério presbiteral” de acordo com os autores.

Em alguns países como o Brasil, a escassez de padres impede que os fiéis participem de missas por meses. Em outubro, o Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica encerrou com o voto de sugestão para que o papa aceite a ordenação de idosos casados para preencher essas lacunas.

Francisco disse que está preparando uma resposta à recomendação do Sínodo.

Os excertos do livro indicam que Bento e Sarah, um colega conservador, escrevem pedaços separados, de acordo com o National Catholic Reporter.

Em uma introdução, os coautores dizem que escreveram “no espírito de filial obediência ao papa Francisco”. No entanto, eles também dizem que a atual “crise” na Igreja compeliu-os a se manifestarem.

Em uma passagem, Sarah refere-se diretamente ao atual pontífice: “Peço humildemente ao papa Francisco que... vete qualquer enfraquecimento da lei do celibato sacerdotal, mesmo limitado a uma ou outra região”.

“É urgente e necessário para qualquer um – bispos, padres e leigos - parar de se deixar intimidar pelos apelos errados, produções teatrais, mentiras diabólicas e modismos erráticos que tentam colocar o celibato abaixo”, escrevem os autores, acrescentando que a prática ajuda a Igreja “a proteger seu mistério”.

Ao renunciar ao papado em 28-02-2013, o conservador Bento prometeu permanecer “escondido do mundo” e “incondicional reverência e obediência” ao seu sucessor.

Mesmo assim, essa não é a primeira vez que Bento contradiz o mais liberal Francisco comentando da posição de emérito sobre assuntos atuais na Igreja. Em um ensaio de 6 mil palavras publicado em abril de 2019, o papa emérito culpou os escândalos de abusos sexuais da Igreja pela secularização do Ocidente, a revolução sexual dos anos 1960 e mais genericamente “a ausência de Deus”.

Massimo Faggioli, um notável historiador e teólogo da Villanova University, falou ao National Catholic Reporter que a decisão de Bento XVI ao escrever o livro foi uma “séria violação”.

“Isso interfere no processo sinodal que ainda está se desdobrando depois do Sínodo Amazônico e ameaça limitar a liberdade do Papa”, afirmou Faggioli.

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