Colômbia. Não se conhece o paradeiro de 100 mil pessoas, relata padre De Roux

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30 Agosto 2019

Durante três dias em Pasto, Colômbia, se realizou o Segundo Encontro pela Verdade: reconhecimento à persistência das mulheres e familiares que buscam pessoas dadas por desaparecidas, onde aproximadamente 400 familiares destes, de todo o país, estiveram reunidos. 

São mais de 100 mil desaparecidos e os casos que finalmente são estudados pela Unidade de Busca são somente 100. A comissão fará tudo o que puder com o que tem, sobretudo a verdade das vítimas que é o que importa”, disse o padre Francisco de Roux, presidente da Comissão da Verdade.

A reportagem é publicada por El Universal, 28-08-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Atos comemorativos

Na segunda-feira se realizaram distintas apresentações culturais em diferentes lugares da cidade, na terça-feira se levou a cabo um intercâmbio de saberes na Câmara de Comércio onde se deram por conhecer diferentes experiências nacionais e internacionais. Hoje se fez o reconhecimento às pessoas que permitiram a procura por seus entes queridos.

“As mulheres de todos os lados seguem buscando os desaparecidos, seja aqueles pelos crimes do Estado, as que buscam os desaparecidos pela guerrilha, os que foram levados às montanhas e nunca apareceram, são procurados há 10 anos ou mais, os que desapareceram nas mãos de paramilitares... Frente a tudo isso, essa dor tão grande, o que queremos aprender dessas mulheres é que não se cansaram em muitos casos, recebendo todo tipo de impropério”, disse o padre Francisco de Roux Rengifo, presidente da Comissão da Verdade.

São mais de 100 mil desaparecidos e os casos que finalmente são estudados pela Unidade de Busca são somente 100. A comissão fará tudo o que puder com o que tem, sobretudo a verdade das vítimas que é o que importa”, disse o padre.

Através da profunda reflexão social, o encontro busca amplificar as vozes das pessoas afetadas pelo conflito. “A comissão tem 20 casas da verdade em diferentes partes do país, há grupos móveis, estamos falando com os sindicatos, as organizações de direitos humanos, as universidades, empresários, ex-combatentes, forças militares nessa busca. Para nós, em primeiro lugar estão as vítimas”, disse o padre.

O padre De Roux adicionou que não quer uma verdade estatal posto que seria quase fascismo, “essa é a verdade, devemos abrir o caminho para que se investigue a fundo e acabemos o medo para que isso nunca volte a ocorre”, comentou.

Esperanza Rojas, representante de Funvides e que representa os militares, comentou que “é triste dizer não, se nota o rechaço, se nota a desigualdade e dói muito, quando alguém pertence a uma entidade militar e que lhe digam que aqui não pode ficar. Dói muito, aqui não pode haver uniformizados, quero dizer que nem todos são assassinos, nem todos da Fuerza Pública mataram para defender a nosso país”, disse Esperanza, que busca o seu esposo, um sargento que desapareceu no ano de 1992, no trajeto entre Carepa e Mutata, em Antioquia.

Paola Medina busca a Tarsicio Medina Chuarry, de 19 anos de idade, um estudante da Universidade Sul-Colombiana, militante da União Patriótica que fazia parte da Juventude Patriótica, em Huila, e que segundo Paola desapareceu no ano 1998 pelos agentes da Polícia. “A Polícia reconheceu que foi a responsável pelo desaparecimento, porém até o momento não disseram onde deixaram seu corpo”, comentou Medina, que há 31 anos busca seu irmão.

Cifras

Atualmente não existe uma cifra consolidada de pessoas dadas por desaparecidas no contexto e devido ao conflito armado. Uma das fontes de informação sobre a qual a UBPD iniciou seu mandado é a do Observatório de Memória e Conflito do Centro Nacional de Memória Histórica, que tem os seguintes registros:

- Desaparição forçada: 83.036 registros

- Sequestro: 38.357 casos, dos quais 333 foram registrados como pessoas desaparecidas.

- Recrutamento de menores: 17.895 registros, 154 deles estão reportados como pessoas desaparecidas.

No entanto, as cifras levantadas são subnotificações e o universo de pessoas desaparecidas no contexto e em razão do conflito armado é desconhecido.

Cada instituição, que tem registro sobre pessoas desaparecidas, maneja uma cifra distinta de acordo com suas funções ou mandato.

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