Por: Wagner Fernandes de Azevedo | 08 Agosto 2019
Iván Duque é um político de pouca experiência. Aos 43 anos, teve um mandato como senador, sendo o sétimo da lista de seu partido, mas eleito na carona da principal liderança política colombiana. O ex-presidente Álvaro Uribe, o padrinhou, e o escolheu para ser o representante da corrente uribista nas eleições presidenciais de 2018. E venceu. Há um ano, em 07-08-2018, tomou posse como presidente, e desde então aprofundou as incertezas e a polarização no país. Eleito com certa folga no segundo turno, com 54% dos votos, possui hoje uma porcentagem ainda maior da desaprovação de sua gestão.
A eleição de Iván Duque começou a ser costurada ainda em 2016, a partir do referendo para o Acordo de Paz com as FARCs, construído pelo ex-presidente Juan Manuel Santos. Desde lá, Uribe impôs sua influência política ao movimento que se consagraria com a eleição folgada de Iván Duque. A rejeição ao Acordo de Paz venceu o referendo por 60 mil votos, e expôs um país polarizado.
A vitória de Duque foi uma afirmação da corrente uribista em manter a política de guerra contra os grupos paramilitares. Os acordos construídos pelo governo anterior ficaram incertos, e em um ano pouco se avançou pelos esforços do oficialismo em alcançar a paz no país. No início de 2019, o presidente tentou inclusive modificar a lei que regulamentava o processo de justiça de transição regimentado pela Justiça Especial para a Paz — JEP, ação que deixou em dúvida quem era o verdadeiro governante do país - o presidente ou o seu padrinho, Uribe.
Os entraves para o Acordo de Paz acentuaram a polarização no país. Os protestos pelo país se intensificaram tanto nas ruas, quanto no Congresso. Internamente, no seu partido Centro Democrático, os uribistas mais radicais o veem como moderado e sem manejo político.
Outro fator que acentua sua impopularidade é o desemprego, que em junho de 2019 aumentou 0,3% em comparação a junho de 2018, chegando a 9,4%. Na semana passada, o ministro da Fazenda Alberto Carrasquilla declarou que o governo não conseguiu identificar as causas e nem a solução para o tema. De acordo com uma pesquisa feita pelo instituto Invamer, e divulgada no início dessa semana, 27% dos colombianos apontam o desemprego como o principal problema do país.
Nesse primeiro ano, Duque deu ênfase à política externa em relação à crise venezuelana, encabeçando as ações contra Nicolás Maduro na região. Foram ao menos quatro encontros com representantes do governo estadunidense para discutir a situação, além de acolher em Bogotá uma reunião de emergência do Grupo de Lima com o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó. No entanto, esse é o tema de menor relevância para a população colombiana, de acordo com a mesma pequisa Invamer, 3,6% da população considera a crise no país vizinho como um problema para a Colômbia.
Ao todo, o presidente - ou subpresidente para alguns críticos - perdeu 24% de popularidade desde que começou o governo. A taxa de desaprovação é de 56,4%, de acordo com a Invamer, e de acordo com outra pesquisa, feita pelo Centro Nacional de Consultoria - CNC, 54% dos colombianos tem uma imagem negativa. Em Bogotá, por exemplo, a desaprovação chega a 70,8%, duplicando em relação ao início do seu governo.
A pesquisa da CNC também revela que apenas 14% dos colombianos veem que Uribe deve ser influente no governo, enquanto 58% acreditam que Duque precisa se aproximar dos outros partidos.
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Colômbia. Um ano de governo impopular - Instituto Humanitas Unisinos - IHU