“Capitã do Sea Watch merece o Prêmio Nobel”, defende padre Zanotelli, lembrando Antígona

Carola Rackete (Foto: Print do YouTube)

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01 Julho 2019

"Foi preciso uma mulher alemã para colocar em crise e questionar o ministro Salvini, uma garota alemã de grandes valores, uma mulher extraordinária que teve tudo na vida e agora dedica parte de sua vida a quem não tem nada". É o comentário para o AdnKronos do padre missionário Alex Zanotelli, após a ação do navio Sea Watch capitaneado por Carola Rackete, que entrou forçando o bloqueio da Polícia Financeira no porto de Lampedusa com 42 migrantes a bordo. "Esta mulher mereceria um prêmio Nobel - afirma o religioso comboniano - pela sua coragem de desafiar uma lei absurda, à qual se deve desobedecer, porque a desobediência à injustiça é uma atitude profundamente cristã, os primeiros mártires morreram justamente por isso: a lei da vida e a lei do amor devem ser a nossa bússola, a ponto de pagar pessoalmente como agora está correndo o risco a capitã do Sea Watch”.

A reportagem é de Enzo Bonaiuto, publicada por Adnkronos, 29-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

O padre Zanotelli observa: "Isso me lembra Antígona, quando afirma que a única maneira de interromper a série de leis absurdas e sair da loucura coletiva é usar a palavra 'amor', visto que estamos nos desumanizando, a ponto de ordenar a remoção de faixas que exortam a permanecer humanos e lembrar a máxima evangélica de amar o próximo: realmente absurdo".

"Sinto-me realmente mal - confessa o padre Zanotelli - sofro demais diante das consequências do decreto de segurança que nada mais é que um 'jogo' de Salvini para criar um embate num clima de guerra, onde cada demonstração de força busca consenso político e votos eleitorais, infelizmente também entre tantos católicos, que de tantos serem lembrados de ser católicos se esqueceram de ser cristãos ...".

O SeaWatch com migrantes a bordo "era como uma ambulância com um paciente grave a bordo que corre em direção ao hospital mais próximo e não se detém nem diante do aviso de parar da polícia; o barco tinha um estado de emergência a bordo e era correto que não parasse na corrida para atracar no porto mais seguro e mais próximo".

Alex Zanotelli relata ter pensado em "juntar-se ao pároco de Lampedusa, que estava dormindo ao relento há várias noites aguardando o desembarque dos migrantes: a alegria e sua emoção são a nossa alegria e a nossa emoção, e vamos expressá-las também durante o dia de jejum, em 3 de julho, em frente à Câmara dos Deputados em Roma, onde chegaremos em caminhada desde a Praça São Pedro, depois de ouvir as palavras do Papa Francisco na audiência geral" ele anuncia.

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