26 Junho 2019
No final da Missa de São João, o arcebispo, de improviso, na catedral repleta de fiéis, lançou uma proposta - saudada por aplausos - para resolver o caso dos migrantes a bordo do Sea Watch 3: acolhê-los na diocese.
"Desejo manifestar minha solidariedade - disse D. Cesare Nosiglia – a todos que na Itália e até em nossa cidade estão se manifestando pacificamente para chamar a atenção para a situação de grave e injusto sofrimento em que 43 pessoas se encontram no navio Sea Watch ao largo de Lampedusa. Um grupo de nossos concidadãos esta noite começou a dormir em frente à igreja de San Dalmazzo por esse motivo. Acrescento que, como sempre o fez em outras circunstâncias semelhantes, a Igreja de Turim está disposta a acolher sem ônus para o Estado esses irmãos e irmãs o mais rapidamente possível, se isso puder servir para resolver o problema".
A reportagem é de Pier Francesco Caracciolo, publicada por Vatican Insider, 24-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
No final da celebração, ele explicou aos jornalistas: "Turim é uma cidade onde muitas famílias se disponibilizaram, temos uma lista que inclui cerca de vinte. Depois temos o Cottolengo e o Sermig que sempre nos ofereceram grande disponibilidade. Podemos ir busca-los e, se quiserem, vamos trazê-los para cá. Obviamente, depende do governo, se estiver disponível para esse tipo de serviço. Não queremos dinheiro, nenhum euro, queremos assumir uma situação que não pode continuar assim. Se é possível dar um sinal para que a diocese de Turim faça tal coisa, espero que seja aceito. Falei sobre isso com a prefeita e o presidente da câmara. Eu vou pedir à Caritas nacional que faça contato com o ministério".
Para a prefeita Chiara Appendino, aquele de Nosiglia "é um apelo muito significativo e disse, aliás publicamente, que os migrantes não ficariam a cargo do Estado. D. Nosiglia se destaca mais uma vez por sua sensibilidade. Eu acredito que seja uma maneira para sacudir a consciência de todos”.
Mais morno foi comentário do assessor regional para as atividades produtivas, Andrea Tronzano: "Todo bem com a caridade cristã, mas existem leis nacionais e internacionais a serem respeitadas. Um apelo também para a Holanda: o navio carrega bandeira holandesa”.
Leia mais
- Confronto entre o Ministério do Interior e Nosiglia sobre os 43 migrantes do Sea Watch
- O pároco que dorme no adro da igreja: “Aguardo aqui o navio Sea Watch com migrantes a bordo proibido de atracar na Itália"
- Lampedusa. Cinco anos de uma viagem que diz muito sobre o papado de Francisco
- Cinco anos depois de Lampedusa, Francisco celebrará missa pelos migrantes
- Lampedusa, o retorno amargo dos sobreviventes do massacre "Não é mais a ilha que nos salvou"
- "Percebi que deveria viajar depois da missão para Lampedusa"
- "Estamos cansados de contar corpos": O drama dos migrantes três anos após naufrágio de Lampedusa
- "Diante de 366 caixões em Lampedusa, tive uma crise de fé e escrevi ao papa", afirma cardeal
- O padre dos desesperados de Lampedusa: “Aqui a Europa trai a si mesma”
- “Entendo o desconforto mas é preciso superar o medo dos migrantes”, diz o Papa a 200 prefeitos italianos
- Oxfam denuncia: "Por dia, 28 menores migrantes desaparecem na Itália"
- Migrante assassinado na Itália: "É claríssima a matriz racista"
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Itália e o caso Sea Watch: “A Igreja de Turim pronta para acolher os migrantes” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU