Brumadinho

Brumadinho. | Foto: Palácio do Planalto, Flickr

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27 Fevereiro 2019

O poema é de Alfredo J. Gonçalves, padre carlista, assessor das Pastorais Sociais.

Eis o poema.

Contar pro senhor em verso descosido

De Brumadinho, há um mês do ocorrido,

Que se deu a vinte e cinco de janeiro,

E que nem sequer era o primeiro.

Quebra a barragem, desce a avalanche,

Mas antes dele veio o caso de Mariana;

Depois de anos de espera sem chance

O assunto até gerou mundial fama.

Casas, carros, gente, flora e fauna

Tudo arrastado pelo mar de lama;

Refeitório, pensão, e coisa e tal;

Todos gritam: não, assim não vale.

Os resíduos da extração mineral

Acumulados sem devida segurança;

Não é segredo que tamanho mal

Só poderia terminar em lambança.

Ferro pesa, rende e acumula capital,

Importante aproveitar enquanto dá:

Que fazer com os rejeitos sujos do metal?

O jeito é deixar por ali, ao Deus dará.

Foi assim que nas rodas de conversa

Todo mundo aprendeu bem depressa

Palavras novas como o tal de montante,

Que vem a ser o contrário de jusante.

Mas isso é tema de especialistas e peritos

Que de especial parecem ter só o salário;

assinam laudos cegos e surdos aos perigos

que da desgraça dá sintomas o cenário.

Resta sepultar mortos e curar feridos,

Para os desaparecidos, a “morte presumida”;

Sobram a dor e o medo, e os bens perdidos,

Diante do lucro, banalizada ficou a vida.

Resta ainda a barganha mesquinha:

Qual o custo da existência e do minério?

Disputa onde a alma parece pequenina

Diante da infinitude do amor e do mistério.

Mas resta também a esperança e a utopia

De um povo que sonha e não se entrega

Mais que explorar trabalho e planeta terra

Pela vida em primeiro lugar, vale a teimosia.

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