Scicluna: "O Papa está pedindo para toda a Igreja fazer mais contra os abusos"

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27 Agosto 2018

O arcebispo de Malta Charles Scicluna "ex-procurador público" antiabuso, com o cardeal Ratzinger, hoje colaborador próximo de Francisco na luta contra a pedofilia no clero, foi recentemente escolhido para ser enviado especial do Papa no Chile. Ele é o religiosos que mais adquiriu experiência na luta contra o mal do abuso infantil e concordou em comentar com o Vatican Insider sobre o discurso do Papa no Castelo de Dublin.

A entrevista é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 26-08-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

Eis a entrevista.

O que querem dizer as palavras de Francisco em Dublin?

O Papa reiterou seu compromisso solene para erradicar o mal do abuso infantil no contexto do bem comum: um conceito que questiona tanto a Igreja como o Estado.

O senhor acha que essas palavras vão mudar alguma coisa?

As palavras de Francisco nos dizem que devemos levar a sério o imperativo de respeitar a verdade, mesmo quando ela nos fere e humilha. O Papa foi claro: a qualquer custo. Somente a verdade sobre as causas, os cúmplices e os prejuízos vão nos libertar e nos possibilitar recuperar a confiança.

Qual é o significado da Carta ao Povo de Deus que o Papa enviou para toda a Igreja a respeito dos casos de abuso?

O Papa deu uma indicação espiritual e pastoral. É uma indicação muito concreta. O chamado à oração e penitência na verdade é um convite à purificação. Ao mesmo tempo, é um chamado ao exorcismo, implorando a Deus para nos libertar do mal que nos oprime. Também é um estado de espírito de docilidade e abertura às iniciativas necessárias para erradicar o mal. Sem esta atitude fundamental, nenhuma regra ou orientação tem alma alguma. Só ficam esqueletos regulamentares.

As denúncias de abuso - e o senhor teve de ouvir muitas em seu trabalho - mostram as feridas que não cicatrizam. Como podem ser superadas?

Superar uma ferida profunda como a causada pelos casos de abuso não é fácil. Lembro de ler as histórias trágicas das vítimas de abuso e parar para olhar para uma grande pintura de um crucifixo românico que eu tinha pendurado na parede, em frente à escrivaninha, no escritório da Promotoria de Justiça, quando estava na Congregação para a Doutrina da Fé. O caminho para a reconciliação e o perdão é sempre para cima, passa pela verdade e pela justiça e leva à paz e à verdadeira liberdade.

Podemos fazer mais alguma coisa para combater o mal do abuso?

Na carta, o Papa pede que toda a Igreja faça mais, envolvendo todo o povo de Deus, explicando que a ferida dos abusos dizem respeito a toda a Igreja. Devemos estar envergonhados, como disse Francisco na Irlanda. Temos de dar o nosso melhor para proteger as crianças e garantir que estes crimes repugnantes não aconteçam. E se voltarem a acontecer - porque este é o mistério do mal, do pecado - temos de agir para que os culpados nunca mais voltem a fazer o mal e as vítimas possam ser ajudadas a reconstruir suas vidas.

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