19 Novembro 2016
Publicamos aqui um trecho da homilia proferida no 10 de agosto de 1978, quatro dias depois da morte do Papa Paulo VI, pelo então cardeal Joseph Ratzinger, na Catedral de Munique, Alemanha.
O texto foi publicado em 2013 pelo L’Osservatore Romano, como encerramento de um caderno especial dedicado aos 50 anos da eleição de Montini ao sólio de Pedro, ocorrida no dia 21 de junho de 1963.
A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Paulo VI desenvolveu o seu serviço pela fé. A partir dele, derivavam tanto a sua firmeza quanto a sua disponibilidade ao compromisso. Por causa de ambas, ele teve que aceitar críticas, e, até mesmo em alguns comentários depois da sua morte, não faltou o mau gosto. Mas um papa que hoje não sofresse críticas falharia na sua tarefa perante este tempo.
Paulo VI resistiu à telecracia e à demoscopia, as duas potências ditatoriais do presente. Ele pôde fazer isso porque não assumia como parâmetro o sucesso e a aprovação, mas sim a consciência, que se mede sobre a verdade, sobre a fé.
É por isso que, em muitas ocasiões, ele tentou o compromisso: a fé deixa muito em aberto, oferece um amplo espectro de decisões, impõe como parâmetro o amor, que se sente na obrigação em relação a tudo e, portanto, impõe muito respeito.
Por isso, ele pôde ser inflexível e decidido quando o que estava em jogo era a tradição essencial da Igreja. Nele, essa dureza não derivava da insensibilidade daquele cujo caminho é ditado pelo prazer do poder e pelo desprezo das pessoas, mas da profundidade da fé, que o tornou capaz de suportar as oposições.
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Cardeal Ratzinger: "Um papa que não sofresse críticas falharia na sua tarefa perante este tempo" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU