24 Julho 2018
Para um dos especialistas da Igreja na proteção das crianças em casos de abuso, ainda que haja "muito mais consciência sobre a questão", a Igreja precisa investir mais em recursos e incluir mais as mulheres, principalmente em lugares de maior crescimento da Igreja.
A reportagem é de Michael J. O’Loughlin, publicada por America, 20-07-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
"Ainda falta uma compreensão de que a proteção dos menores e a justiça às vítimas é uma prioridade dentro da Igreja", disse Hans Zollner, S.J., que coordena o Centro de Proteção à Criança da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, à América, na quinta-feira. Além disso, segundo ele, para alguns bispos e outras autoridades da Igreja, combater o abuso sexual é só "mais um assunto" e ainda não entenderam que essa "deve ser uma prioridade para a Igreja".
O padre Zollner, psicólogo em formação, lançou a iniciativa da proteção infantil em 2012, na Alemanha, e mudou-se para Roma em 2015, quando o Papa Francisco pediu que os recursos do centro fossem usados na Igreja. Depois, ele foi nomeado para a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores e é consultor do escritório relacionado ao clero no Vaticano.
Ele afirma que a Igreja já progrediu muito em políticas e protocolos, principalmente nos últimos 15 anos, depois que os casos de abuso sexual na Igreja vieram à tona nos Estados Unidos. Hoje, segundo ele, os desafios culturais e a falta de profissionais treinados na África, na América Latina e na Ásia representam os maiores obstáculos ao combate ao abuso sexual.
"Precisamos da voz feminina aqui", disse o padre Zollner, porque as mulheres muitas vezes "dão voz aos mais vulneráveis da sociedade".
Ele disse que, mesmo nos lugares com políticas em vigor, a Igreja muitas vezes não investiu no tipo de profissional necessário para implementar os códigos, como psicólogos e advogados especialistas em direito canônico. Na quinta-feira, o The New York Times publicou uma reportagem com outros detalhes das acusações contra o cardeal Theodore McCarrick, arcebispo aposentado de Washington, D.C. Nessa reportagem, o cardeal é acusado de ter cometido violência sexual contra um homem durante anos, desde que a vítima era menor de idade. Após a reportagem, foi publicado um artigo na segunda-feira em que um antigo seminarista acusava o cardeal de ter se aproveitado dele e de outros sacerdotes e seminaristas.
O padre Zollner disse que o caso do cardeal McCarrick demonstra que ainda se precisa de vigilância, mas ressaltou que foi um conselho de Igreja que tornou públicas as acusações contra o religioso de 88 anos, levando-o a deixar o ministério no mês passado.
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Para combater casos de abuso sexual, a Igreja Católica precisa investir nas mulheres, afirma especialista do Vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU