23 Janeiro 2018
De acordo com uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 61% dos chilenos qualificou a visita do sumo pontífice como positiva. Por outro lado, a participação do Bispo Juan Barros nas homilias papais foi mal vista.
A informação é publicada por Deutsche Welle, 22-01-2018. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
61% dos chilenos considerou positiva a visita que o Papa Francisco fez ao país na semana passada, mas 74% também rejeitaram a participação de um bispo polêmico, acusado de encobrir abusos sexuais, de acordo com uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira.
De acordo com a pesquisa, da consultora Cadem Plaza Pública, enquanto 61% disseram que a visita papal foi boa ou muito boa, 25% opinaram que foi ruim ou muito ruim e 12%, que foi regular.
Em relação ao bispo de Osorno, Juan Barros, que co-celebrou as três missas massivas conduzidas pelo Papa, assistiu a outros atos do pontífice, e que acabou sendo defendido abertamente por Francisco, 74 % considerou sua presença negativa e apenas 14 % concordou com o seu comparecimento.
Juan Barros é um dos cinquenta religiosos formados por Fernando Karadima, um influente pároco de uma região rica de Santiago, dos quais cinco se tornaram bispos.
Karadima foi afastado do ministério sacerdotal e condenado a uma vida de clausura e oração por justiça canônica, após ser comprovado que durante muitos anos ele foi um violador e abusador de crianças e adolescentes.
A justiça chilena também considerou Karadima culpado, mas não o condenou, pois seus crimes prescreveram, enquanto algumas das suas vítimas denunciaram um encobrimento por parte de seus círculos mais próximos, entre eles Barros, nomeado em 2015 como bispo da zona sul da cidade de Osorno, que desde então está dividida entre aqueles que o rejeitam e aqueles que endossam sua presença.
Neste ano, o Papa chamou os detratores do bispo de "tolos" e de "pessoas terríveis", as acusações feitas contra ele de "mentirosas" e, durante a sua recente visita ao Chile, a presença de Barros em missas e atos oficiais monopolizou a atenção da mídia.
Barros, quando foi questionado, afirmou que se sente respaldado por Francisco. Este, ao responder a uma pergunta sobre a temática, pediu que fossem apresentadas provas, mas também acrescentou que "todas são calúnias", causando dor e mal-estar nas vítimas de Karadima e em setores da Igreja local.
Antes deste episódio, o Papa pediu perdão pelos abusos sexuais cometidos por membros da Igreja e se reuniu em particular com um grupo de vítimas que não incluía os abusados por Karadima.
Uma pesquisa anterior da Cadem Plaza Pública, em junho de 2017, quando foi anunciada a visita do Papa ao Chile, mostra que 71% dos participantes a consideraram positiva ou muito positiva, dez pontos mais do que agora, enquanto a qualificação negativa aumentou de 12% para 25%.
No que diz respeito à importância da visita papal, caiu de 41% para 34% entre ambas as pesquisas, enquanto a avaliação "importante" se manteve em 29%, enquanto a opinião contrária, “pouco ou nada importante", subiu de 26% para 37%.Das distintas atividades feitas por Francisco no Chile, a melhor avaliada foi a sua visita a uma prisão de mulheres, com 84% de menções positivas ou muito positivas; o seu pedido de desculpas pelos abusos sexuais do clero foi avaliado da mesma maneira por 73%, assim como 72% avaliaram da mesma forma a sua reunião com algumas das vítimas.
56% dos entrevistados não aprovou o trabalho da Igreja Católica no Chile, enquanto que 34% a apoiou.
A pesquisa foi realizada entre a quarta-feira, dia 17 de janeiro, e sexta-feira, dia 19 de janeiro, incluindo 700 entrevistas com maiores de 18 anos, habitantes de 73 localidades com mais de 50 mil habitantes, em todas as regiões do Chile. Sua margem de erro é de 3,7% e seu nível de confiança de 95%.
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Chilenos aprovam a visita do Papa e repudiam bispo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU