18 Dezembro 2017
'É preciso condenar todas as manifestações de desrespeito aos mais altos gabinetes da nossa República e às pessoas que trabalham neles'.
O presidente da Conferência dos Bispos da Polônia fez um apelo para que se acalmem o "ódio e o preconceito" na vida nacional, avisando que podem prejudicar a imagem internacional do país.
"Temos assistido, entre os polacos, a um aumento preocupante de tensão social e desrespeito às pessoas com diferentes pontos de vista - acompanhados por uma brutalização da linguagem, ameaças e agressividade", disse o arcebispo Stanislaw Gadecki, de Poznan. "Ciente das possíveis provocações a fim de distorcer a verdadeira imagem da nossa sociedade e das oposições ferozes, precisamos condenar explicitamente todos os atos de violência contra os adversários políticos, representantes de outras crenças, religiões e nações estrangeiras".
A reportagem é de Jonathan Luxmoore, publicada por The Tablet, 16-12-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
O arcebispo emitiu o apelo enquanto autoridades da Igreja e do Estado comemoraram a imposição da lei marcial de 1981, que temporariamente esmagou dissidentes do movimento de solidariedade na Polônia. Ele disse que "as discussões, debates e trocas de opinião" eram naturais num Estado democrático e contribuíram para a "riqueza e o potencial intelectual" da Polônia. No entanto, advertiu que "o respeito pelas leis e pelos costumes" era necessário para a "estabilidade em amizade e harmonia", e criticou os amargos ataques ao governo de centro-direita do país, liderado pelo primeiro-ministro Mateusz Morawiecki, desde a semana passada.
“É preciso condenar todas as manifestações de desrespeito aos mais altos gabinetes da nossa República e às pessoas que trabalham neles”, acrescentou Stanislaw Gadecki. "As opiniões divergentes não podem obscurecer seu mandato democrático social ou justificar o uso de meios de discussão não parlamentares. Nossa união e independência sofrem quando irmão vai contra irmão, polaco contra polaco”.
O apelo segue a condenação pela União Europeia das reformas projetadas pelo partido de situação da Polônia, chamado Lei e Justiça, bem como pelos órgãos religiosos internacionais, tais como a Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE), sediada em Bruxelas.
A Conferência dos Bispos da Polônia fez uma postagem iluminada em inglês no Twitter, na semana passada, numa tentativa de se opor às críticas que a Igreja tem recebido, enquanto a agência católica polonesa de informações (KAI) listou pedidos anteriores por unidade e harmonia feitos pelo arcebispo Gadecki e outros líderes católicos.
No entanto, na sexta-feira, a agência também divulgou um discurso do arcebispo Marek Jedraszewski, de Cracóvia, denunciando os políticos de esquerda, após o cancelamento de uma conferência pró-vida devido a manifestações. "As pessoas da esquerda não sabem respeitar a vida humana - suas ideologias, às vezes estridentes e vinculadas à violência física e midiática, estão ganhando", disse o arcebispo de Cracóvia aos católicos. "Estamos testemunhando o que Bento XVI muitas vezes denunciou - a ditadura de uma minoria".
Em seu pedido, ele disse que a paz social só será possível se os polacos começaram a deixar de lado o "ódio e o preconceito" e considerarem o Natal "um tempo para acalmar as emoções e tomar decisões racionais sobre a realização do debate público nos próximos meses - para o benefício de gerações futuras e do bem de nossa pátria".
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Conferência dos Bispos da Polônia faz apelo para acalmar 'ódio e preconceito' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU