30 Março 2017
Acima de tudo, há gratidão pela renunciatária Marie Collins e pelo seu forte compromisso com as vítimas de abuso no comunicado final da Plenária da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, concluída no dia 26. Depois, a promessa de um maior compromisso para encontrar “novas formas” para dar voz aos sobreviventes e a vontade de colaborar com a Congregação para a Doutrina da Fé – o dicastério mais acusado pela irlandesa Collins de obstruir o trabalho da comissão – para difundir as “diretrizes” da luta contra os abusos na Igreja.
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican Insider, 27-03-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Por fim, foi anunciada uma novidade, ou seja, o fato de que os 16 membros da comissão se encontrarão, de tempos em tempos, com os representantes das Conferências Episcopais que viajam a Roma para as visitas ad limina (hoje, é a vez dos bispos do oeste do Canadá).
Mais especificamente, na nota divulgada nesse domingo em inglês na conclusão do encontro de três dias, os membros da comissão e o cardeal presidente, Sean O’Malley, agradecem a ex-colega pelo grande trabalho desenvolvido em favor daqueles (como aconteceu com ela mesma aos 13 anos) que foram forçados a sofrer abusos, assim como pela “prevenção” e pelo “combate” da pedofilia.
“As suas recomendações foram um tema central da plenária”, afirma-se. Um obrigado também à disponibilidade de Marie Collins de continuar colaborando com a equipe pontifícia nos programas de educação para novos bispos e para os escritórios da Cúria.
Durante os trabalhos – informa ainda o comunicado – refletiu-se em particular sobre uma passagem da declaração de renúncia de Collins do último dia 1º de março, em que ela lamentava a falta de uma resposta imediata – ou, às vezes, até de uma resposta – por parte dos escritórios vaticanos às vítimas que endereçavam suas cartas ao papa e à Santa Sé.
A comissão manifestou a esperança de que toda criança ou adulto vítima de pedofilia possa receber rapidamente um retorno da Cúria: “É importante responder diretamente”, afirmam os membros. A comissão está consciente de que essa tarefa é particularmente difícil, “dado o amplo volume e a natureza da correspondência”, e sabe que isso “requer recursos e procedimentos claros e específicos”.
No entanto, reitera, “reconhecer a correspondência e dar respostas oportunas e pessoais é uma forma de promover a cura e a transparência” desejadas pelo Papa Francisco.
Justamente ao pontífice os membros enviarão “mais recomendações” a serem submetidas à sua consideração, úteis para aprofundar e melhorar o trabalho do órgão instituído em 2014. Eles, enquanto isso, garantem que vão “continuar trabalhando para ajudar as Igrejas locais na sua responsabilidade pela proteção dos menores”, através de visitas in loco, conferências e os cursos de formação.
Além disso, as conversas face a face com os bispos dos diversos países em visita ad limina para comunicar as “diretrizes” da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, definidas como “um elemento essencial” da luta contra os abusos na Igreja. Essas “diretrizes”, amplamente apoiadas pelo papa, também serão comunicadas às congregações religiosas, ou diretamente, ou através do site da comissão. Nesse trabalho de comunicação e de divulgação, reitera-se a “vontade de trabalhar junto com a Congregação para a Doutrina da Fé”.
Mas não se especifica se serão recrutados novos membros para a equipe para assumir o lugar de Marie Collins e do inglês Peter Saunders, este também ex-vítima de pedofilia, em um “período de expectativa” do trabalho da comissão desde fevereiro de 2016, depois de ter criticado pública e duramente o cardeal australiano George Pell, prefeito da Secretaria para a Economia.
O comunicado lembra, por fim, que a plenária sucedeu um evento sobre educação e prevenção intitulado “Safeguarding in Homes and Schools: Learning from Experience Worldwide”, que foi realizado no dia 23 de março na Pontifícia Universidade Gregoriana, promovido pelo Centro para a Proteção dos Menores, instituído no seio da instituição, e pela Congregação para a Educação Católica.
Do encontro, focado particularmente na América Latina, participaram mais de 150 personalidades, incluindo o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, e diversos responsáveis dos dicastérios da Cúria Romana, como o cardeais Marc Ouellet, Kevin Farrell, João Bráz de Aviz e Peter Turkson.
Abrindo os trabalhos, o cardeal O’Malley reiterou a linha dura do Papa Francisco, que – disse – ainda está “totalmente comprometido em erradicar a chaga dos abusos sexuais”.
“Se a Igreja não estiver comprometida com a proteção dos menores, os nossos esforços de evangelização não terão nenhum efeito”, afirmou o arcebispo de Boston. “Não há nenhuma justificação. Não podemos fracassar ao desenvolver padrões eficazes de proteção dos menores e adultos vulneráveis.”
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Comissão vaticana antiabusos: encontrar novas maneiras de dar voz às vítimas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU