02 Outubro 2016
“Sim, a expressão é talvez excessiva. Contudo...”. O filósofo italiano Emanuele Severino, desafiado a comentar a declaração do Papa Francisco feita ontem, na Georgia, de que uma guerra mundial contra o matrimônio é feita pela ‘Gender Theory”, a teoria de gênero.
A afirmação foi feita de improviso, na reunião com os padres, seminaristas e religiosas e religiosos em Tiblisi, capital da Georgia, no sábado, dia 01-10-2016.
Severino para um instante antes de prosseguir o seu raciocínio. Ele tenta explicar porque Francisco usou o conceito de “guerra mundial” aplicado ao fim dos matrimônios.
A entrevista é de Giusi Fasano, publicada por Corriere della Sera, 02-10-2016. A tradução é de IHU On-Line.
Contudo?
Contudo o erro que se comete normalmente é não ter em conta a crise mundial planetária que está atravessando o nosso tempo e que diz respeito ao abandono de todos os grandes valores da tradição ocidental. Eis o problema. Somente se olharmos este terremoto de fundo podemos entender e nos espantar com a expressão “guerra mundial”.
A “teoria de gênero” é o inimigo: colonização ideológica que destrói, afirma Bergoglio.
Concordo sobre o fato de que são as ideias que determinam um conflito mundial. O seu grito de alarme, e nos colocando no papel de um Papa, é totalmente justificado. É claro e indubitável que os novos costumes sexuais significam a destruição da família no sentido tradicional. E parece-me estranho denominar matrimônio outras formas de união. Também os nomes são importantes... Talvez não refletimos até o fundo o que significa a destruição da tradição ocidental: ou seja, o fim de dois mil anos de existência cristã.
As palavras contra o divórcio e a 'teoria gender' parecem longínquas das aberturas a que Francisco nos não tem habituado. É assim?
Há muitos equívocos sobre as inovações deste Papa que é sobretudo um pastor, não um teólogo. Tem costumes que os precedentes não tinham, é a imagem do bom pastor que está no meio do rebanho e as pessoas são tocadas por esta diferença. Mas é somente a superfície, pois do ponto de vista doutrinal, Francisco tem as mesmas posições dos seus predecessores. Não é certamente um relativista e isto que falou sobre os matrimônios é mais uma confirmação.
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“Bergoglio é um pastor. Ele não pensa como relativista”. Entrevista com Emanuele Severino - Instituto Humanitas Unisinos - IHU